A Arca de Noah Loren

Escrevo sem pretenção nenhuma de que daqui saía algo que preste.

Assunto: Uma lei aprovada pelo Congresso durante a pandemia livrou as igrejas da cobrança de até R$ 1,2 bilhão em tributos.

Os dados inéditos da Receita Federal foram obtidos pelo UOL via Lei de Acesso à Informação.

Trata-se de tributos como contribuição previdenciária e contribuição social sobre o lucro, que deixaram de ser cobrados das igrejas após uma mudança na Lei 14.057.

O articulador do ajuste foi o deputado federal David Soares (ex-DEM, atual União Brasil), filho do pastor R.R. Soares, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus.

A lei tem impacto retroativo e, no médio prazo, pode levar à anistia de dívidas antigas — entre elas, cifras milionárias como a da Graça de Deus.

Ela é uma das cinco maiores organizações religiosas devedoras de impostos à União. Hoje, a dívida ativa da igreja é de R$ 89 milhões.

Devido ao sigilo fiscal, a Receita revelou apenas os valores totais e os tipos de impostos que foram “anistiados”, mas não os CNPJs diretamente beneficiados com a lei.

David e R.R. Soares foram procurados pelo UOL por telefone e por email em diversas ocasiões, mas não retornaram os pedidos de entrevista.

A Constituição já isenta organizações religiosas do pagamento de impostos como IPTU e IPVA, mas outros tributos, como contribuição previdenciária e contribuição social sobre o lucro, não entravam nessa lista.

Isso começou a mudar em junho de 2020, quando David Soares propôs uma emenda ao projeto de lei do deputado federal Marcelo Ramos (à época no PL-AM) que ofereceria descontos ou negociações de dívidas a diversos setores durante a pandemia da covid-19.

O filho de R.R. Soares propôs incluir as igrejas nessa lista de beneficiados. Como se diz no jargão legislativo, foi um “jabuti”: a inserção de uma emenda sem relação com o PL original.

À época, David Soares argumentou que as autuações do Fisco tendem a inviabilizar “relevantes serviços” prestados pelas instituições. Segundo ele, a mudança permitiria “reduzir a judicialização e até mesmo o gasto equivocado de horas de trabalho do Fisco com entidades religiosas”, escreveu na emenda.

Em setembro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei, mas vetou a emenda proposta por David Soares. Se não o fizesse, poderia ser acusado de crime de responsabilidade fiscal e até sofrer abertura de processo de impeachment.

“O presidente Jair Bolsonaro se mostra favorável a não tributação de templos de qualquer religião”, informou o governo federal à época. “Porém, a proposta do projeto de lei apresentava obstáculo jurídico incontornável, podendo a eventual sanção implicarem [sic] crime de responsabilidade.”

No Twitter, no entanto, Bolsonaro deixou claro que estava vetando a emenda a contragosto e que, caso fosse deputado ou senador, votaria pela derrubada do próprio veto presidencial.

Em março de 2021, 439 deputados federais e 73 senadores derrubaram o veto de Bolsonaro e votaram “sim” para o ajuste na lei.

10 MIL CNPJS:

Dados obtidos pelo UOL indicam que, em dezembro de 2020, a Receita Federal já havia suspendido a cobrança de R$ 538 milhões em impostos de organizações religiosas.

Doze meses depois, com a nova lei em vigor, a suspensão saltou para R$ 924 milhões. Em abril deste ano, chegou a R$ 1,2 bilhão.

Inicialmente, a reportagem pediu dados de cobranças canceladas de 2012 a 2022, mas o órgão só respondeu com informações de 2020 a 2023. Num segundo pedido de LAI, apenas sobre 2018 e 2019, a Receita informou que não há dados disponíveis.

Do valor anistiado até 2023, 34% correspondiam a pagamento de contribuições previdenciárias e 12% de CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

Quem deve à Receita Federal e não paga vai parar na lista de devedores da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), que cobra os inadimplentes.

A PGFN diz não conseguir identificar quais igrejas foram beneficiadas pela nova lei.

Entretanto, via LAI, o órgão encaminhou à reportagem uma planilha que indica que o valor suspenso mais que dobrou.

Foi de R$ 23 milhões, entre 2012 e 2020, para R$ 47 milhões entre 2021 e 2022.

Há mais de 30 mil CNPJs cadastrados como organizações religiosas. Entre eles, aproximadamente 10 mil têm dívida ativa com a União.

Cerca de 70% das dívidas ativas estão concentradas em cinco CNPJs: duas igrejas “fantasmas” (o Instituto Geral Evangélico, do Rio, e a Ação e Distribuição, de São Paulo) e três igrejas famosas — além da Internacional da Graça de Deus, de R.R. Soares, estão a Igreja Mundial do Poder de Deus, do pastor Valdemiro Santiago, e a Convenção das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no sul do país.

ALVO DO FISCO:

O advogado José Maurício Conti, professor de direito financeiro na USP, entende que a lei que isenta igrejas do pagamento desses impostos é ilegal.

“Ela foi aprovada [pelo Congresso] sem preencher os requisitos de responsabilidade fiscal.”

O auditor Flávio Prado, diretor do Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal) de Santos, pondera que “a maioria [das igrejas] é séria e paga tributos direitinho”, mas há abusos quando se trata de isenção.

“Se você, igreja, pagar para a subsistência de um sacerdote, padre ou pastor, você não precisa pagar contribuição previdenciária. Mas é subsistência, não salário. Se você paga um valor para o sacerdote A, você não pode pagar 20 vezes o valor para o sacerdote B sem uma justificativa. Para a Receita, isso configura abuso”, completa.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Internacional da Graça de Deus. Em 2009, a igreja de R.R. Soares foi autuada por variação de até 2.000% na “prebenda pastoral”, dinheiro que o religioso recebe para seu sustento.

O UOL apurou que a média para um pastor no Brasil é de R$ 3.000 hoje. Considerada a variação de 2.000%, a “prebenda pastoral” na igreja de R.R. Soares seria de até R$ 63 mil.

O processo se arrastou até 2016, quando o Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) julgou que, dada a diferença de valores que nunca foi explicada ao Fisco, a Internacional da Graça de Deus precisaria pagar a contribuição, sim.

Com a nova lei, ela e outras igrejas ficaram isentas de cobranças desse tipo.

FUTURO A DEUS PERTENCE:

Se, no curto prazo, a Lei 14.507 já pode ter neutralizado a cobrança de mais de R$ 1 bilhão em impostos, no médio prazo ela pode afetar a cobrança de dívidas antigas.

Isso porque ela tem efeito retroativo e pode atingir cobranças pré-2020.

No longo prazo, a nova lei pode levar, inclusive, igrejas a reivindicar a restituição de tributos pagos no passado.

Em outras palavras, abre-se uma brecha para que elas peçam reembolso. “Vai ter muita discussão judicial sobre isso”, afirma o advogado Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, que foi procurador-geral adjunto da PGFN e consultor-geral da União.

Fontes da Receita Federal concordam com o diagnóstico.

Essa não foi a última vez em que as igrejas tentaram se livrar de impostos.

Em março de 2023, o deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, propôs uma PEC que pretende blindar templos de qualquer imposto sobre aquisição de bens e prestação de serviços.

No fim de setembro, a proposta passou pela CCJ e, agora, deve ser analisada por uma comissão especial. Entre os coautores está David Soares, o mesmo da emenda que garantiu uma anistia bilionária às igrejas.

tab.uol.com.br/edicao/igrejas-…Uma lei aprovada pelo Congresso durant <e a pandemia livrou as igrejas da cobrança de até R$ 1,2 bilhão em tributos.

Os dados inéditos da Receita Federal foram obtidos pelo UOL via Lei de Acesso à Informação.

Trata-se de tributos como contribuição previdenciária e contribuição social sobre o lucro, que deixaram de ser cobrados das igrejas após uma mudança na Lei 14.057.

O articulador do ajuste foi o deputado federal David Soares (ex-DEM, atual União Brasil), filho do pastor R.R. Soares, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus.

A lei tem impacto retroativo e, no médio prazo, pode levar à anistia de dívidas antigas — entre elas, cifras milionárias como a da Graça de Deus.

Ela é uma das cinco maiores organizações religiosas devedoras de impostos à União. Hoje, a dívida ativa da igreja é de R$ 89 milhões.

Devido ao sigilo fiscal, a Receita revelou apenas os valores totais e os tipos de impostos que foram “anistiados”, mas não os CNPJs diretamente beneficiados com a lei.

David e R.R. Soares foram procurados pelo UOL por telefone e por email em diversas ocasiões, mas não retornaram os pedidos de entrevista.

A Constituição já isenta organizações religiosas do pagamento de impostos como IPTU e IPVA, mas outros tributos, como contribuição previdenciária e contribuição social sobre o lucro, não entravam nessa lista.

Isso começou a mudar em junho de 2020, quando David Soares propôs uma emenda ao projeto de lei do deputado federal Marcelo Ramos (à época no PL-AM) que ofereceria descontos ou negociações de dívidas a diversos setores durante a pandemia da covid-19.

O filho de R.R. Soares propôs incluir as igrejas nessa lista de beneficiados. Como se diz no jargão legislativo, foi um “jabuti”: a inserção de uma emenda sem relação com o PL original.

À época, David Soares argumentou que as autuações do Fisco tendem a inviabilizar “relevantes serviços” prestados pelas instituições. Segundo ele, a mudança permitiria “reduzir a judicialização e até mesmo o gasto equivocado de horas de trabalho do Fisco com entidades religiosas”, escreveu na emenda.

Em setembro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei, mas vetou a emenda proposta por David Soares. Se não o fizesse, poderia ser acusado de crime de responsabilidade fiscal e até sofrer abertura de processo de impeachment.

“O presidente Jair Bolsonaro se mostra favorável a não tributação de templos de qualquer religião”, informou o governo federal à época. “Porém, a proposta do projeto de lei apresentava obstáculo jurídico incontornável, podendo a eventual sanção implicarem [sic] crime de responsabilidade.”

No Twitter, no entanto, Bolsonaro deixou claro que estava vetando a emenda a contragosto e que, caso fosse deputado ou senador, votaria pela derrubada do próprio veto presidencial.

Em março de 2021, 439 deputados federais e 73 senadores derrubaram o veto de Bolsonaro e votaram “sim” para o ajuste na lei.

10 MIL CNPJS:

Dados obtidos pelo UOL indicam que, em dezembro de 2020, a Receita Federal já havia suspendido a cobrança de R$ 538 milhões em impostos de organizações religiosas.

Doze meses depois, com a nova lei em vigor, a suspensão saltou para R$ 924 milhões. Em abril deste ano, chegou a R$ 1,2 bilhão.

Inicialmente, a reportagem pediu dados de cobranças canceladas de 2012 a 2022, mas o órgão só respondeu com informações de 2020 a 2023. Num segundo pedido de LAI, apenas sobre 2018 e 2019, a Receita informou que não há dados disponíveis.

Do valor anistiado até 2023, 34% correspondiam a pagamento de contribuições previdenciárias e 12% de CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

Quem deve à Receita Federal e não paga vai parar na lista de devedores da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), que cobra os inadimplentes.

A PGFN diz não conseguir identificar quais igrejas foram beneficiadas pela nova lei.

Entretanto, via LAI, o órgão encaminhou à reportagem uma planilha que indica que o valor suspenso mais que dobrou.

Foi de R$ 23 milhões, entre 2012 e 2020, para R$ 47 milhões entre 2021 e 2022.

Há mais de 30 mil CNPJs cadastrados como organizações religiosas. Entre eles, aproximadamente 10 mil têm dívida ativa com a União.

Cerca de 70% das dívidas ativas estão concentradas em cinco CNPJs: duas igrejas “fantasmas” (o Instituto Geral Evangélico, do Rio, e a Ação e Distribuição, de São Paulo) e três igrejas famosas — além da Internacional da Graça de Deus, de R.R. Soares, estão a Igreja Mundial do Poder de Deus, do pastor Valdemiro Santiago, e a Convenção das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no sul do país.

ALVO DO FISCO:

O advogado José Maurício Conti, professor de direito financeiro na USP, entende que a lei que isenta igrejas do pagamento desses impostos é ilegal.

“Ela foi aprovada [pelo Congresso] sem preencher os requisitos de responsabilidade fiscal.”

O auditor Flávio Prado, diretor do Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal) de Santos, pondera que “a maioria [das igrejas] é séria e paga tributos direitinho”, mas há abusos quando se trata de isenção.

“Se você, igreja, pagar para a subsistência de um sacerdote, padre ou pastor, você não precisa pagar contribuição previdenciária. Mas é subsistência, não salário. Se você paga um valor para o sacerdote A, você não pode pagar 20 vezes o valor para o sacerdote B sem uma justificativa. Para a Receita, isso configura abuso”, completa.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Internacional da Graça de Deus. Em 2009, a igreja de R.R. Soares foi autuada por variação de até 2.000% na “prebenda pastoral”, dinheiro que o religioso recebe para seu sustento.

O UOL apurou que a média para um pastor no Brasil é de R$ 3.000 hoje. Considerada a variação de 2.000%, a “prebenda pastoral” na igreja de R.R. Soares seria de até R$ 63 mil.

O processo se arrastou até 2016, quando o Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) julgou que, dada a diferença de valores que nunca foi explicada ao Fisco, a Internacional da Graça de Deus precisaria pagar a contribuição, sim.

Com a nova lei, ela e outras igrejas ficaram isentas de cobranças desse tipo.

FUTURO A DEUS PERTENCE:

Se, no curto prazo, a Lei 14.507 já pode ter neutralizado a cobrança de mais de R$ 1 bilhão em impostos, no médio prazo ela pode afetar a cobrança de dívidas antigas.

Isso porque ela tem efeito retroativo e pode atingir cobranças pré-2020.

No longo prazo, a nova lei pode levar, inclusive, igrejas a reivindicar a restituição de tributos pagos no passado.

Em outras palavras, abre-se uma brecha para que elas peçam reembolso. “Vai ter muita discussão judicial sobre isso”, afirma o advogado Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, que foi procurador-geral adjunto da PGFN e consultor-geral da União.

Fontes da Receita Federal concordam com o diagnóstico.

Essa não foi a última vez em que as igrejas tentaram se livrar de impostos.

Em março de 2023, o deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, propôs uma PEC que pretende blindar templos de qualquer imposto sobre aquisição de bens e prestação de serviços.

No fim de setembro, a proposta passou pela CCJ e, agora, deve ser analisada por uma comissão especial. Entre os coautores está David Soares, o mesmo da emenda que garantiu uma anistia bilionária às igrejas.

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Assunto: Extrema direita lidera 1ª pesquisa com intenção de voto para eleições antecipadas na França. Partido Reunião Nacional aparece com 34%, enquanto 19% vai para grupo da sigla de Emmanuel Macron.

Um dia após o terremoto político provocado, principalmente na França, pelo resultado das eleições europeias, com a dissolução da Assembleia Nacional na noite de domingo (09/06), a corrida eleitoral para as legislativas antecipadas anunciadas pelo presidente francês Emmanuel Macron já começou. A primeira pesquisa de intenção de votos confirma a liderança da extrema direita.

O partido francês de extrema direita Rassemblement National (Reunião Nacional – RN) aparece com 34% das intenções de votos nas eleições legislativas antecipadas. O número é resultado de uma pesquisa realizada pelo instituto Harris Interactive – Toluna, que aponta 22% para uma eventual união da esquerda, 19% para o grupo do partido do presidente Macron e 9% para a direita tradicional.

Ainda de acordo com o estudo, se esse resultado se confirmar, o RN teria entre 235 e 265 cadeiras na Assembleia Nacional, contra 89 atualmente. Seguindo essa lógica, a maioria presidencial passaria de 249 assentos para 155, a aliança de esquerda Nupes ficaria entre 115 e 145 cadeiras (contra 153 hoje) e Os Republicanos, da direita tradicional, teriam entre 40 e 55 deputados, contra os 74 atuais.

A pesquisa foi realizada pela internet nos dias 9 e 10 de junho, após o resultado das eleições europeias, com uma amostra de 2.744 pessoas, maiores de idade e representativas da população francesa. A margem de erro é de 1 a 2,3 pontos.

França poderia ter um primeiro-ministro de 28 anos O partido de extrema direita Reunião Nacional, liderado por Marine Le Pen, obteve 32% dos votos nas eleições europeias de domingo, com uma lista encabeçada por Jordan Bardella. O resultado é quase o dobro do alcançado pelo partido presidencial, levando o chefe de Estado Macron a dissolver a Assembleia Nacional e anunciar eleições legislativas a serem realizadas em 30 de junho e 7 de julho.

A decisão de Macron pode levar a extrema direita ao poder no país pela primeira vez por meio das urnas. Isso porque na França, se o partido do governo não obtém a maioria das cadeiras na Assembleia Nacional, o sistema de governo prevê a cohabitation (“coabitação” em tradução livre), ou seja, uma divisão do poder Executivo.

Neste caso, esse poder, exercido pelo presidente da República e pelo primeiro-ministro, é assumido por dois adversários políticos, escolhidos democraticamente. Essa situação ocorreu pela última vez em 1997, quando o conservador Jacques Chirac dissolveu a Assembleia, perdeu a maioria nas legislativas, e teve que dirigir o país ao lado do primeiro-ministro socialista Lionel Jospin.

Se esse cenário se reproduzir, Jordan Bardella poderia se tornar, aos 28 anos, primeiro-ministro da França.

operamundi.uol.com.br/politica…

Assunto: União da esquerda francesa antes de eleições enfurece Macron, diz imprensa. Cargo de primeiro-ministro está em jogo, caso coalizão de esquerda vença eleições legislativas antecipadas.

“Indecente”. Foi assim que o presidente francês, Emmanuel Macron, classificou um possível acordo do Partido Socialista francês (PS) com a esquerda radical da França Insubmissa (LFI). Mas o impensável aconteceu e estampa nesta sexta-feira (14/06) as manchetes dos jornais franceses: após quatro dias de intensas negociações entre socialistas, comunistas, ecologistas e a esquerda radical, um acordo de um programa comum da esquerda francesa foi anunciado pelas suas principais lideranças.

Embora um acordo tenha sido alcançado na noite de quinta-feira (13/06), os socialistas franceses e a esquerda radical da legenda França Insubmissa (LFI) se disputaram durante todo o dia pela distribuição das zonas eleitorais. O que está em jogo é o cargo de primeiro-ministro, caso a coalizão de esquerda vença as eleições legislativas antecipadas, publica o jornal Le Figaro desta sexta-feira (14/06). No sistema semipresidencialista francês, caso o partido presidencial não obtenha maioria, há a possibilidade de uma “coabitação” com o vencedor das eleições que acontecerão nos dias 30 de junho e 7 de julho.

Le Figaro repercute que os líderes de esquerda negociaram longamente a portas fechadas durante todo o dia na sede dos Ecologistas, no leste de Paris. No início da noite de quinta-feira, o acordo foi anunciado, com todas as principais lideranças da esquerda francesa. No entanto, ainda não se sabe quem será o líder dessa nova Frente Popular, como foi batizada a coligação de esquerda, uma referência ao movimento criado para barrar o nazifascismo em 1936, antes da Segunda Guerra, na França. O inimigo, é claro, é a extrema direita do partido de Marine Le Pen, o Reunião Nacional (RN).

“Demorou, mas chegou”.

“Demorou, mas chegou. A esquerda está unida”, celebra o jornal Libération. “Está selado”, proclama a “declaração conjunta” da agora nova Frente Popular, publicada pouco depois das 20h de quinta-feira, 13 de junho. Teremos candidatos comuns capazes de representar a sociedade francesa”, continua o texto da coligação de esquerda, segundo informações do Libé, que antecipa dois pontos do programa comum da esquerda francesa: a revogação da reforma previdenciária e o reconhecimento de um Estado palestino.

“Após quatro dias de intensas negociações com os socialistas, comunistas e ecologistas, os rosas, os vermelhos e os verdes se aproximam das eleições legislativas de 30 de junho e 7 de julho sob a mesma bandeira”, publica o jornal francês nesta sexta-feira. “A partir de agora, a chegada partido de extrema direita Reunião Nacional ao poder na França não é mais uma fatalidade inevitável, diz a declaração conjunta”, sublinha o Libération.

Foram necessários apenas quatro dias para que a esquerda chegasse a um acordo sobre uma “nova Frente Popular”, destaca o jornal Le Monde. As negociações foram conduzidas em uma velocidade vertiginosa, limitadas pelo prazo relâmpago de apresentação das listas eleitorais no domingo, 16 de junho, e pela seriedade das circunstâncias diante de uma extrema direita que pode triunfar, contextualiza o jornal francês. “Fomos bem-sucedidos. Uma página da história francesa foi escrita”, comemorou o primeiro secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, enquanto o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon saudou “um grande evento político na França”, publica Le Monde.

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Assunto: Governo Milei é questionado sobre entrada ilegal de bolsonaristas foragidos após 8 de janeiro. Membros do Parlasul pedem informações sobre 65 brasileiros acusados por tentativa de golpe e que teriam recebido abrigo na Argentina.

Parlamentares da Argentina e do Brasil que integram o Parlasul enviaram nesta sexta-feira (14/06) uma carta à Ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, pedindo esclarecimentos sobre a entrada ilegal no país de mais de 65 bolsonaristas fugitivos, acusados da tentativa de golpe no Brasil.

Na carta, os parlamentares solicitam “informações confiáveis sobre a situação de um grupo de cidadãos brasileiros acusados da tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro de 2023 na República Federativa do Brasil e que entraram ilegalmente na República Argentina”.

Em declaração ao Brasil de Fato, Gabriel Fuks que é o chefe do bloco de deputados do Parlasul pelo partido argentino União Pela Pátria, aponta que informações obtidas com fontes da Polícia Federal brasileira apontam que o número de foragidos que entraram de forma ilegal no país vizinho pode chegar a 100 pessoas.

“Exigimos que a ministra esclareça essa situação, porque, sem dúvida, é muito difícil que esse volume de pessoas tenha cruzado as fronteiras sem a colaboração ou omissão das autoridades argentinas. Nossa preocupação é que a Argentina se transforme em um santuário de golpistas”, disse Fuks.

“Um volume tão grande de pessoas que estão sendo processadas não pode cruzar uma fronteira sem que as autoridades de segurança e de migração argentinas saibam, ou suas fontes de inteligência, que são para esse fim e não, como muitas vezes são usadas, para investigar os próprios argentinos”.

Na última semana, a Polícia Federal (PF) brasileira realizou uma operação para cumprir mandados de prisão preventiva contra 208 condenados ou investigados pela tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro do ano passado. Os alvos são considerados foragidos ou apresentam risco de fuga.

As investigações apontam para os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

As apurações indicam que o prejuízo decorrente da invasão e depredação aos prédios dos três Poderes, em Brasília, gira em torno de R$ 40 milhões.

Eduardo Bolsonaro pediu asilo para golpistas.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) viajou para a capital argentina Buenos Aires no final de maio para pedir asilo político aos golpistas brasileiros naquele país, durante um evento promovido pela deputada argentina Maria Celeste Ponte, aliada do presidente Javier Milei.

A comitiva liderada pelo filho do ex-presidente Jair Bolsonaro foi formada pelos deputados federais de extrema direita Júlia Zanatta (PL-SC), Marcel Van Hattem(Novo-RS) e Rodrigo Valadares (União-SE).

“As autoridades argentinas não estão dando uma resposta. Não estamos debatendo se a Argentina deve ou não dar asilo. O direito de asilo pertence a cada indivíduo, não é coletivo. A Conadi (Comissão Nacional pelo Direito à Identidade) é um órgão de prestígio nessa questão e veremos o que acontece”, concluiu Fuks.

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Assunto: Sob liderança da extrema direita italiana, declaração do G7 deixa aborto de fora Estados Unidos, França e UE não conseguiram entrar em acordo com premiê da Itália.

O esboço da declaração final da cúpula do G7 não inclui nenhuma referência direta ao direito ao aborto, uma menção à qual a Itália, que detém a presidência temporária do grupo, se opôs, segundo o documento consultado pela AFP nesta sexta-feira (14/06). A tensão criada entre Emmanuel Macron e Giorgia Meloni foram capa dos jornais italianos.

Estados Unidos, França e União Europeia quiseram manter a mesma redação da declaração final da cúpula do G7 em Hiroshima (Japão) em 2023, que garantia o “acesso ao aborto seguro e legal e aos serviços de cuidados pós-aborto”, embora tenham desistido por falta de acordo com a chefe de governo da Itália, Giorgia Meloni.

“Estávamos defendendo o acordado em Hiroshima, onde o texto era mais explícito, mas não foi possível chegar a um acordo”, explicou um alto funcionário da União Europeia nesta sexta-feira.

“O importante é que o texto traz a promoção dos direitos sexuais e reprodutivos”, acrescentou.

Os debates sobre a questão foram intensos, em particular entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e Meloni.

Macron disse “lamentar” a posição italiana, enquanto Meloni o acusou de “fazer campanha utilizando um fórum valioso como o G7”, antes do primeiro turno das eleições legislativas antecipadas francesas, em 30 de junho. Ela qualificou a polêmica de “ma-fé”, uma vez que a declaração faz referência ao texto concluído em Hiroshima.

“Reiteramos os nossos compromissos da Declaração dos Líderes de Hiroshima, com o acesso universal, adequado, acessível e de qualidade aos serviços de saúde para as mulheres, incluindo os direitos sexuais e reprodutivos e a saúde de forma abrangente para todos”, limita-se a dizer o projeto de texto consultado pela AFP em Borgo Egnazia, na Apúlia.

Nenhuma referência sobre o direito ao aborto. “Estávamos defendendo o que foi acordado em Hiroshima, onde o texto era mais explícito, mas não foi possível chegar a um acordo”, explicou um alto funcionário da UE. No entanto, ele considerou “importante” que fosse mencionada “a promoção dos direitos sexuais e reprodutivos”.

Campanha eleitoral Sobre os direitos das comunidades LGBTQ+, o projeto de texto italiano do G7 também é menos abrangente do que o de 2023, embora afirme que há “profunda preocupação com o retrocesso dos direitos das mulheres, meninas e pessoas LGBTQIA+ em todo o mundo, especialmente em tempos de crise.”

Questionado pela imprensa sobre a ausência da palavra “aborto”, o presidente francês disse “lamentar”, ao mesmo tempo que “respeita” uma política que reflete a “escolha soberana” dos italianos.

“Não temos as mesmas escolhas. A França integrou o direito das mulheres ao aborto, a liberdade de dispor do próprio corpo na sua Constituição”, disse Macron. “Não são as mesmas opiniões que existem hoje no seu país”, disse ele a um jornalista italiano, nem “uma visão que seja compartilhada por todo o espectro político”.

A declaração irritou a primeira-ministra italiana, cujo governo de extrema direita apresentou uma lei, aprovada no Parlamento, para autorizar os ativistas antiaborto a ter acesso a clínicas de consulta no sistema de saúde público para mulheres que considerem uma interrupção voluntária da gravidez.

O confronto chegou à primeira página de toda a imprensa italiana na sexta-feira, um sinal claro das tensões entre um presidente francês enfraquecido pela derrota do seu partido nas eleições europeias e uma chefe do governo italiano que, pelo contrário, saiu fortalecida.

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Basta! A humanidade precisa parar “israel” como parou o nazismo: pelas armas

Os horrores testemunhados pela humanidade hoje, em Rafah, extremidade sul de Gaza, um sexto de seu minúsculo território, onde se acumulam mais de 2 milhões de palestinos em tendas, devido a mais ataques indiscriminados de “israel”, com dezenas de carbonizados, quase todos crianças e mulheres, são desafio à raça humana maior que foi o nazismo. Se é assim, “israel” e o sionismo, ideologia supremacista idêntica ao nazismo e demais supremacismos coloniais, devem ser parados pela força das armas, como foi parada a Alemanha nazista.

Já são, considerando desaparecidos sob os escombros, mais de 46 mil civis palestinos exterminados em 233 dias, mais de 2% da população de Gaza. Seriam mais de 4 milhões no Brasil e mais de 15 milhões na Europa, no espaço da segunda guerra mundial. As crianças assassinadas já passam de 20 mil, 45% do total de assassinos. São mais de 9 mil por milhão, superando as 2.800 por milhão mortas no período nazista, em 6 anos. As mulheres assassinadas já passam de 11 mil, 25% do total de exterminados, com pelo mil mortas grávidas. São as maiores matanças de crianças e mulheres da história!

A destruição de Gaza já passa dos 80%, superando a das cidades mais arrasadas na segunda Guerra Mundial. Detalhe: em Gaza em 233 dias, contra 6 anos no período nazista.

Todos os lugares definos por “israel” como seguros foram atacados e milhares dos que neles estavam abrigados perderam suas vidas. “israel” perseguiu os palestinos em todos os seus abrigos para assassiná-los em massa.

Os assassinatos de médicos, jornalistas, funcionários da ONU, da defesa civil e de ONGs humanitárias não têm paralelo na história das guerras e dos genocídios.

Os feridos já se aproximam de 90 mil, quase todos graves e mutilados, padecendo para morrer porque todos os hospitais foram destruídos e não há medicamentos, água ou comida. A fome já foi tornada arma de guerra e mata centenas, especialmente crianças e mulheres, além dos doentes e anciãos.

A ordem para parar o genocídio emitida pela Corte Internacional de Justiça em 26 de janeiro ainda não foi obedecida, tal qual a de cessar-fogo do Conselho de Segurança da ONU. Desde estas ordens, mais de 20 mil palestinos foram exterminados.

O mundo declarou guerra à Alemanha nazista ainda em 1939, quando a máquina nazista fizera muito menos do que “israel” promove desde 7 de outubro na Palestina. O mundo não pode seguir assistindo calado ao maior genocídio da história.

Passou da hora da humanidade frear a máquina genocida de “israel”, que é pior que a nazista também por ser nuclear, isto é, ameaçar o fim da existência humana.

“israel” e seu genocídio só serão parados pela humanidade pegando em armas. Foi assim que o nazismo foi parado; será assim com o regime supremacista e genocida de “israel”.

Clamamos ao Brasil e ao mundo que parem o extermínio do povo palestino. Que seja construída uma força internacional de paz, com força bélica suficiente para colocar freio à máquina assassina de “israel”. Para impor imediato cessar-fogo. Para encarcerar todos os implicados no genocídio palestino.

Precisa ser agora, antes que seja tarde demais, com “israel” tendo alcançado seu único objetivo, perseguido pelo sionismo desde 1897, quando do 1° Congresso Sionista, e desde dezembro de 1947, quando fascistas sionistas armados iniciam a limpeza étnica da Palestina, a maior da história.

Basta! A humanidade precisa parar “israel” como parou o nazismo: pelas armas

Palestina Livre do genocídio e do apartheid a partir do Brasil, 26 de maio de 2024, 77° ano da Nakba.

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Assunto: Esse texto foi escrito por DANA VISALLI - que é qualquer coisa MENOS comunista! - e traduzido por Igor Galvão.

Como diz o ditado tradicional, “não é o conhecido que te coloca em apuros, mas o que você sabe que não é conhecido.” Se os americanos ‘sabem’ alguma coisa sobre a Coreia, é que os norte-coreanos começaram a Guerra da Coreia em 1950 quando invadiram a Coreia do Sul através do paralelo 38, e que após três anos de combate, a fronteira se estabeleceu novamente na mesma linha. A realidade do conflito entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul é muito mais complexa e muito mais interessante do que aquela história simplista.

Um bom ponto de partida para entender o conflito permanente entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul é o acordo entre os Estados Unidos e o Japão em 1905, conhecido como Acordo Taft-Katsura, que foi assinado quando o Japão estava derrotando a Rússia em 1904/05 na Guerra russo-japonesa. Nesse documento, os EUA concordaram com a colonização japonesa da Coreia em troca da ocupação americana do Havaí (que os EUA anexaram em 1898) e as Filipinas (que os EUA haviam adquirido em um saque em 1898, no final da guerra hispano-americano). Os coreanos não foram consultados sobre esse acordo.

Em 1910, o Japão anexou a Coreia, tornando-a uma colônia subserviente; isso também foi sancionado pelos EUA no Acordo Taft-Katsura cinco anos antes. O domínio japonês foi brutal: estima-se que pelo menos 18 mil coreanos foram mortos por resistirem à ocupação. Os coreanos foram forçados a ter nomes japoneses e a falar apenas japonês, os rapazes coreanos foram forçados a servir nas forças armadas e enviados ao Japão para trabalhar por salários de escravos, e dezenas de milhares de mulheres coreanas foram forçadas à escravidão sexual, para o prazer dos homens japoneses.

Não surpreendentemente, quando o Japão se rendeu aos EUA e seus aliados em 15 de agosto de 1945, os coreanos ficaram entusiasmados com essa aparente libertação da opressão japonesa. Eles estavam prontos e dispostos a formar seu próprio governo: o Comitê para a Preparação da Independência Coreana (CPIC), formado rapidamente, organizou comitês populares em todo o país para coordenar a transição para a independência. Em 28 de agosto de 1945, o CPIC anunciou que funcionaria como o governo nacional temporário da Coreia. Em 6 de setembro, delegados de toda a Coreia, tanto ao norte quanto ao sul da linha de demarcação artificialmente imposta, se reuniram em Seul para criar a República Popular da Coreia. Coincidentemente, o anúncio dos coreanos de sua independência unificada ocorreu apenas quatro dias após a declaração de independência unificada de Ho Chi Minh para todo o Vietnã.

Mas os Estados Unidos tinham um plano diferente para a Coreia. Na conferência de fevereiro de 1945 em Yalta, o presidente Roosevelt sugeriu a Stalin, sem consultar os coreanos, que a Coreia fosse colocada sob tutela conjunta após a guerra antes de obter sua independência. Em 11 de agosto, dois dias depois que a segunda bomba atômica foi lançada, garantindo assim a iminente rendição do Japão, e três dias depois que forças russas entraram na Manchúria e na Coreia para expulsar os japoneses como foi acordado para evitar mais baixas dos EUA, Truman apressadamente ordenou ao seu Departamento de Guerra que escolhesse uma linha divisória para a Coreia. Dois jovens coronéis receberam 30 minutos para resolver o problema. O paralelo 38 foi rapidamente escolhido. Surpreendentemente, Stalin concordou com essa partição “temporária”. Em 15 de agosto, o governo militar do Exército dos Estados Unidos na Coreia foi formado e em 8 de setembro, 72 mil tropas americanas começaram a chegar para impor a ocupação formal do sul.

O general Douglas MacArthur, como comandante das potências aliadas vitoriosas no Pacífico, formalmente emitiu uma proclamação dirigida “Ao povo da Coreia”, anunciando que as forças sob seu comando “ocuparão hoje o território da Coreia ao sul de 38 graus de latitude norte”. Ironicamente, a Coreia, que não foi agressora durante a Segunda Guerra Mundial e ao longo da história, agora estava dividida, enquanto o Japão permanecia intacto.

Os EUA entenderam que, se fosse para afirmar o controle capitalista de estilo ocidental na Coreia, ele teria que derrotar, e então eliminar a República Popular da Coreia, que tinha base ampla, popular, democrática e com tendências socialistas. Em vez de repatriar os japoneses, como mandado, o governo militar dos EUA, dirigido por 2.000 oficiais dos norte-americanos, a maioria dos quais não conseguia falar ou entender o idioma coreano, recrutou-os rapidamente e seus colaboradores coreanos para continuar em funções administrativas. Notoriamente, o governo militar dos EUA reviveu a temida polícia colonial japonesa, a Polícia Nacional da Coreia. Cerca de 85% dos coreanos que serviram na força policial colonial japonesa foram rapidamente empregados pelos EUA para cuidar da Polícia Nacional da Coreia.

Os EUA organizaram apressadamente os coreanos conservadores ricos que representavam a tradicional elite proprietária de terras e, em 16 de setembro, formaram o Partido Democrático Coreano. Identificaram rapidamente “várias centenas de conservadores” entre os coreanos mais velhos e mais instruídos que serviram aos japoneses, que poderiam servir como núcleo para o partido recém formado. Estes eram os coreanos que tinham enriquecido como conseqüência de anos de colaboração com seus colonizadores japoneses.

Em 12 de outubro, os EUA transportaram o coreano-americano Syngman Rhee de Washington – onde ele havia vivido nos últimos 40 anos – para Seul, para chefiar esse novo governo. Em 12 de dezembro de 1945, o governo militar dos EUA proibiu a República Popular da Coreia e todas as organizações e atividades relacionadas aos povos locais, provinciais e nacionais, incluindo todos os sindicatos. Se a República Popular da Coreia tivesse sido capaz de seguir com seu plano de uma Coreia unificada, é quase certo que o comunista Kim Il-sung teria sido eleito presidente sobre uma Coreia unificada (assim como Ho Chi Minh teria vencido se houvesse eleições no Vietnã dividido em 1956), já que ele passou os 10 anos anteriores liderando ações de guerrilha contra os ocupantes japoneses, e era muito popular.

Na recém-criada Coreia do Sul, surgiu um movimento de resistência em larga escala contra os militares dos EUA e seu governo coreano fantoche. Em setembro de 1946, uma greve dos trabalhadores se espalhou pelo país, que foi então violentamente reprimida pelo novo Exército da República da Coreia e pelos militares dos EUA. Pelo menos mil coreanos foram mortos, com mais de 30 mil presos. Líderes regionais e locais do movimento popular estavam agora mortos, na prisão ou tinham ido para a clandestinidade.

Em 1 de março de 1948, uma grande manifestação não-violenta na ilha de Jeju, na Coreia, aconteceu para celebrar o aniversário das manifestações massivas do povo coreano, em 1919, contra a ocupação japonesa. Aproveitando a ocasião para protestar contra as eleições separadas planejadas por Rhee, marcadas para maio de 1948, a multidão foi atacada pela Polícia Nacional da Coreia. A polícia prendeu 2,5 mil pessoas, vários foram feridos e vários coreanos foram torturados e depois mortos. O incidente de 1 de março provocou uma enorme rebelião do povo, que estourou na ilha em 3 de abril. Rhee foi eleito presidente em 20 de julho de 1948, em uma eleição absurda em que apenas a elite do país participou.

O comandante militar dos EUA em Jeju, coronel Rothwell Brown, ordenou uma campanha indiscriminada de terra arrasada quando a revolta de Jeju se intensificou. A Marinha dos EUA bloqueou a ilha com dezoito navios de guerra, enquanto bombardeava com canhões de 37mm. Aviões dos EUA realizaram missões regulares de reconhecimento e lançaram granadas e bombas.

Unidades do exército coreano da cidade portuária de Yosu, no sul do país, foram obrigadas a derrubar a resistência de Jeju e se rebelaram, recusando-se a ir. Esta rebelião rapidamente se espalhou para outras áreas na parte sul do continente. Em duas semanas, o motim foi contido por uma campanha brutal coordenada pelo assessor militar dos EUA, o capitão James Hausman, e realizada com a ajuda de aeronaves, tropas de fogo e tropas terrestres dos Estados Unidos. Todos os coreanos suspeitos ou aqueles que pensavam simpáticos à insurreição foram executados.

A insurgência de Jeju foi derrotada em agosto de 1949, com a repressão crescendo em suas dimensões sádicas. Os suspeitos muitas vezes eram despidos, torturados, e forçados a fazer sexo antes de serem decapitados enquanto seus entes queridos eram forçados primeiro a assistir enquanto batiam palmas com suas mãos, depois a desfilar diante de seus torturadores carregando as cabeças decepadas de membros da família. A perversidade sexual e a violência militar são companheiros comuns; pergunte a qualquer soldado. Estima-se que 60 mil moradores da ilha foram mortos pelas forças sul-coreanas e norte-americanas, com outros 40 mil fugindo para o exterior.

Um movimento de guerrilha contra o exército dos EUA e o governo de Syngman Rhee espalhou-se pela Coreia do Sul e durou até o fim da guerra em 1953. O governo usou sua superioridade militar para encarcerar centenas de milhares de coreanos que tinham – ou poderiam ter tido – quaisquer simpatias socialistas ou comunistas. Um grande número de agricultores, aldeões e residentes urbanos foram sistematicamente cercados em áreas rurais, aldeias e cidades de toda a Coreia do Sul. Os cativos eram regularmente torturados para que dessem nomes de outros companheiros. Milhares foram presos e outros milhares foram forçados a cavar valas comuns antes de serem obrigados a entrarem nas valas e serem baleados por outros coreanos, muitas vezes sob a vigilância de oficiais dos EUA. As estimativas de civis assassinados sob o pretexto de matar “comunistas” durante a era da ocupação legal dos EUA (15 de agosto de 1945 a 15 de agosto de 1948) e o período posterior até 30 de junho de 1949, quando as tropas de combate dos EUA foram finalmente retiradas, estão na faixa dos 500 mil. Ninguém sabe ao certo porque nenhum registro foi mantido e os fatos sobre esse massacre foram forçosamente escondidos por 40 anos.

Durante as décadas do pós-guerra das ditaduras de direita sul-coreanas, as famílias amedrontadas das vítimas mantiveram silêncio sobre o verão sangrento. Relatórios militares americanos do massacre sul-coreano foram classificados como “secretos” e arquivados em Washington. Relatos de comunistas foram descartados como mentiras. Somente a partir dos anos 1990, e a democratização da Coreia do Sul, a verdade começou a vir à tona. Em 2002, a fúria de um tufão revelou uma vala comum. Outra foi encontrado por uma equipe de notícias de televisão que invadiu uma mina fechada.

A Coreia do Norte e do Sul se confrontaram cada vez mais no paralelo 38 antes do início da guerra. O governo norte-coreano afirmou que apenas em 1949, o exército e/ou a polícia sul-coreana cometeram mais de 2600 incursões armadas no norte. Posteriormente, os documentos sugeriram que, no mínimo, houve vários ataques das forças sul-coreanas ao norte e que muitos, senão todos os ataques ao sul haviam sido represálias. Observe como a Wikipedia relata a briga:

“Sérios conflitos na fronteira entre o Sul e o Norte ocorreram em agosto de 1949, quando milhares de tropas norte-coreanas atacaram as tropas sul-coreanas ocupando território ao norte do paralelo 38.”

A Coreia do Sul já tinha tropas ao norte da fronteira, mas, nesta versão, foi o Norte que atacou.

O Capitão James H. Hausman escreveu em uma nota informativa para o General Roberts em agosto de 1949 :

“Meu colega e eu estamos firmemente convencidos de que todos os ataques à Coreia do Sul foram represálias, e quase todos os incidentes foram provocados pelas forças de segurança sul-coreanas.”

O Coronel Min Ki Sik, Comandante Assistente da Escola Coreana de Armas observou em 1949 :

“Geralmente se ouve que o Exército nunca ataca a Coreia do Norte e está sempre sendo atacado. Isso não é verdade. Majoritariamente, nosso Exército está atacando primeiro, e atacamos mais forte.”

Os pronunciamentos públicos de Syngman Rhee ao longo de 1949 e no início de 1950 constantemente falavam de seu desejo em ordenar suas forças a atacar o Norte. Em 30 de setembro de 1949, ele afirmou:

“Eu realmente sinto que agora é o momento mais psicológico quando devemos tomar uma medida agressiva.”

O Washington Post o cita dizendo, em 1 de novembro de 1949 :

“Meu governo não tolerará mais uma Coreia dividida […] se tivermos que resolver isso pela guerra, faremos todos os combates necessários”.

Segundo o governo norte-coreano, o ataque contra a Coreia do Sul em 25 de junho de 1950 foi uma resposta a um bombardeio de dois dias pelos sul-coreanos e seus ataques surpresa contra a cidade de Haeju e outros lugares. No início da manhã de 25 de junho, antes do amanhecer, em contra-ataque na conta norte-coreana, o Escritório de Informação Pública da Coreia do Sul anunciou que as forças do sul tinham capturado Haeju. O governo sul-coreano depois negou ter capturado a cidade e culpou um “oficial exagerado” pelo relatório. A Iugoslávia e a União Soviética propuseram que a Coreia do Norte fosse convidada para o Conselho de Segurança da ONU para apresentar seu lado da história, mas a proposta foi rejeitada.

Seja qual for a causa, os soldados norte-coreanos cruzaram a fronteira em 25 de junho, e em 28 de junho eles estavam em Seul (que fica a apenas 56 quilômetros de distância). O exército sul-coreano efetivamente se desfez; entre 25 de junho e 28 de junho, as forças sul-coreanas diminuíram de 95 mil homens para 22 mil, quase todas as perdas devido a deserções. O Sul teria perdido a guerra em uma semana se os EUA não tivessem intervindo.

No dia em que Seul caiu, o presidente Rhee ordenou a morte de qualquer um considerado um opositor político em qualquer lugar da Coreia do Sul. Os assassinatos ocorreram em todos os lugares que ainda eram mantidos pelas forças sul-coreanas. Numerosos massacres ocorreram, muitos deles não dirigidos contra opositores, mas a cidadãos comuns. Por exemplo, em 7 de fevereiro de 1951, 705 cidadãos desarmados nas aldeias de Sancheong e Hamyang foram mortos pelo Exército sul-coreano. Dois dias depois, 719 civis da aldeia de Geochang foram baleados.

O coronel norte-americano Donald Nichols, um amigo pessoal de Rhee, relatou ter testemunhado em Suwon, sul de Seul, o massacre de 1.800 prisioneiros políticos no final de junho de 1950. Ele descreveu o trabalho de dois tratores, um cavando uma série de valas, e outro cobrindo com terra os corpos baleados depois que eles fossem despejados nas covas. Gregory Henderson, que serviu como diplomata norte-americano na Coreia no final da década de 1940 e início dos anos 1950, estimou que “provavelmente mais de 100 mil civis sul-coreanos foram mortos sem qualquer julgamento” pelas forças de Rhee durante a guerra.

A eclosão de conflitos criou uma massa de refugiados tentando escapar para lugares seguros. Havia tantos que chegaram a bloquear movimentos militares ao longo das estradas; ordens foram dadas pelos comandantes militares dos EUA para atirar nos refugiados. Em 26 de julho de 1950, o 8º Exército dos EUA, o nível mais alto de comando na Coreia, emitiu ordens para deter todos os civis coreanos. “Não, repito, nenhum refugiado poderá cruzar as linhas de batalha a qualquer momento. O movimento de todos os coreanos em grupo cessará imediatamente”. Depois disso, os refugiados foram mortos enquanto tentavam fugir da guerra.

No mesmo dia em que o 8º Exército dos EUA editou sua ordem para deter os refugiados em julho de 1950, cerca de 400 civis sul-coreanos reunidos na ponte No Gun Ri foram mortos por forças dos EUA do 7º Regimento de Cavalaria. Alguns foram baleados acima da ponte, nos trilhos da ferrovia. Outros foram atacados por aviões dos EUA. Mais foram mortos sob os arcos em uma provação que os sobreviventes locais dizem ter durado três dias.

“Havia um tenente gritando como um louco, atirando em tudo, matando todos eles”, lembra o veterano da 7ª cavalaria Joe Jackman. “Eu não sabia se eles eram soldados ou o quê. Crianças, havia crianças lá fora, não importava o que fosse, oito ou 80, cegas, aleijadas ou loucas, eles atiravam nelas”.

O mais alto oficial da lei na Coreia, o segundo Procurador Geral do presidente Truman, J. Howard McGrath, referiu-se aos coreanos como “roedores” e, portanto, não se arrependia do massacre em curso.

Enquanto isso, os EUA destruíram facilmente a precária força aérea e as defesas aéreas da Coreia do Norte e iniciaram uma campanha de bombardeio desimpedido do norte em 29 de junho de 1950, que durou três anos. Durante esse período, as forças dos EUA voaram um milhão e quarenta mil sobrevôos e lançaram 386.037 toneladas de bombas e 32.357 toneladas de napalm. Se alguém contar todos os tipos de munições transportadas pelo ar, incluindo foguetes e munição de metralhadora, a tonelagem total chega a 698.000 toneladas. Os EUA destruíram todas as cidades, todas as aldeias, todas as barragens, todas as estradas de ferro e todas as estradas da Coreia do Norte. Estima-se que 2,5 milhões de norte-coreanos morreram no bombardeio, a maioria deles civis, muitos deles incinerados pelo napalm. O aviador Federic Champlin observou:

“Uma coisa sobre o napalm é que quando você atinge uma aldeia e a vê em chamas, você sabe que conseguiu alguma coisa. Nada faz um piloto se sentir pior do que trabalhar em uma área e não ver que ele conseguiu fazer qualquer coisa.”

Em 25 de junho de 1951, o general O’Donnell, comandante do Comando de Bombardeiros da Força Aérea do Extremo Oriente, testemunhou em resposta a uma pergunta do senador John C. Stennis (“A Coreia do Norte foi virtualmente destruída, não é?”) :

“Ah, sim; […] Eu diria que toda, quase toda Península Coreana está uma verdadeira bagunça. Tudo está destruído. Não há nada digno do nome. Pouco antes de os chineses chegarem, ficamos de castigo; não havia mais alvos na Coreia.”

Em 1952, o general Curtis LeMay declarou:

“Nós bombardeamos cada cidade duas vezes, agora vamos voltar a pulverizá-las em pedras.”

Em agosto de 1951, o correspondente de guerra Tibor Meráy declarou que havia testemunhado “uma completa devastação entre o rio Yalu e a capital”. Ele disse que “não havia mais cidades na Coreia do Norte”. Continuou:

“Minha impressão é de que estou viajando na Lua porque havia apenas devastação – cada cidade era apenas uma coleção de chaminés”.

O principal oficial norte-americano que fora prisioneiro de guerra, o General William F. Dean, informou que a maioria das cidades e aldeias norte-coreanas que ele viu eram ou escombros ou terreno baldio coberto de neve. Como resultado final dessa destruição em todo o país, o General MacArthur, em dezembro de 1950, pediu 34 bombas atômicas para criar um terreno baldio nuclear ao longo da fronteira chinesa. Embora este pedido tenha sido rejeitado, o Presidente Truman e outros repetidamente examinaram a melhor maneira de usar bombas atômicas na guerra.

Depois que Truman demitiu o general MacArthur, em maio de 1951, o antigo “comandante supremo” declarou ao Congresso:

“A guerra na Coreia já destruiu uma nação de 20 milhões de pessoas. Eu nunca vi tamanha devastação… Depois que eu olhei para os destroços e aqueles milhares de mulheres e crianças… eu vomitei”.

Três anos após o início da guerra, um cessar-fogo foi finalmente assinado. Tudo estava de volta ao lugar em que estivera, no começo, com quase as mesmas fronteiras de antes da guerra e o mesmo sonho não realizado de reunificação. Ninguém havia vencido. Todos tinham perdido. Calcula-se que a guerra tenha custado a vida de até 5 milhões de pessoas, de longe a maioria deles civis.

Algumas lições poderiam ter sido aprendidas da Guerra da Coreia. Uma é, como o famoso jornalista I.F. Stone observou, “todo governo é dirigido por mentirosos e nada do que eles e nada do que eles dizem deve ser acreditado.”Outra seria o reconhecimento, expresso pelo veterano de guerra Mike Hastie, de que “os Estados Unidos são uma máquina de matar imparável.”

Como vivemos dentro das mentiras contadas pelo nosso governo e, portanto, deixamos de aprender, depois da Coreia os EUA devastaram o Vietnã, o Laos, o Camboja, o Afeganistão, o Iraque, a Síria, a Líbia… causando sofrimento humano incompreensível, e destruição massiva de seres humanos e sistemas naturais.

Portanto, digamos, como um experimento de pensamento, que você é o único adulto maduro na sala, e é portanto sua responsabilidade subjugar as personalidades patológicas que inevitavelmente surgem, como líderes do governo dos EUA e das forças armadas americanas; subjugá-los pelo amor das suas vítimas sofridas e em prol da saúde e viabilidade dos ecossistemas da Terra e da biosfera como um todo. O que você vai fazer? É com você!

Aqui está um possível caminho a seguir: depois que a União Soviética se desfez, Gorbachev disse que “era um sistema maligno, tinha que ser desmantelado”. Certamente esse sistema criminoso dos EUA também precisa ser desmantelado.

“O maior fornecedor de violência do mundo hoje : meu próprio governo. Pelo amor das centenas de milhares que tremem sob nossa violência, eu não posso ficar em silêncio”, disse Martin Luther King.

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Assunto:sobre o liberalismo

O liberalismo é direta e indiretamente responsável por tantos ou mais genocídios e guerras do que o nazismo. Nós vivemos hoje em dia sob o liberalismo. Talvez no futuro se essa ideologia for superada em favor de outra – seja lá de qual orientação política – então passemos a pensar na limpeza étnica dos povos indígenas com a mesma mentalidade que nós pensamos no Holocausto do povo judeu.

Assunto: porque NÃO sou anti-punitivista.

Eu não acredito que o punitivismo funcione. Nós tivemos exemplos suficientes no nosso país de que ele não reduz a criminalidade. Penso que ser de esquerda e/ou progressista no Brasil, um país extremamente desigual, é contraditório, pois o sistema penal pune de forma desproporcional, e muitas vezes indevida, pessoas de grupos marginalizados enquanto aqueles que são privilegiados gozam de impunidade

Concordo completamente com os abolicionistas penais quando eles apontam a necessidade urgente de conquistar mais direitos para os povos oprimidos. E exatamente por isso que discordo da oposição deles a medidas como a Lei Maria da Penha, a criminalização da homofobia e do racismo. Porque enxergo elas como direitos conquistados. Concordo com eles que a única forma de diminuir efetivamente a criminalidade é combatendo a desigualdade social. Mas como isso é impossível no capitalismo seria necessária uma revolução que transformasse o modo de produção para que isso ocorresse. E uma revolução implica a necessidade de combate, punições, prisões e até execuções. Práticas que não aprecio, mas que vejo como necessárias e inevitáveis em muitos casos.

Para além destes aspectos não me oponho a existência de um sistema penal, mas defendo a manutenção dos direitos humanos básicos mesmo para os seres humanos mais desprezíveis. Claro que como a maioria das pessoas não me causa prazer saber que estupradores, torturadores, nazistas e pedófilos são hospedados em celas de luxo. Mas sendo racional o sofrimento deles não trás nenhum benefício para a sociedade... Assim como sua liberdade. Eu acredito que existem pessoas que não podem conviver em sociedade, porque elas sempre irão voltar a cometer os mesmos crimes ou coisas ainda piores. Nós temos exemplos de casos em que o punitivismo não reduziu a criminalidade. Mas nós também temos casos em que punições mais bem aplicadas teriam impedido uma reincidência. “Ah, mas prender abusador X não diminuio a taxa de abusos”. Não idiota mas fez com que aquela pessoa específica parasse de abusar de outras.

Por último, pessoalmente sou contra a pena de morte. E acho uma perda de tempo ser moralista com o desejo de “justiça” das pessoas. O “punitivismo popular” é inevitável e sempre vai existir, no entanto o problema, na minha opinião, é o punitivismo institucional defendido pelos burgueses, o punitivismo aplicado pelos juízes, delegados, policiais.

Assunto: a atemporalidade das músicas.

Talvez eu nunca tivesse escutado “Ela Partiu” de Tim Maia se não fosse uma versão lofi no YouTube. Um vídeo de menos de três minutos com cenas do anime Utena: Revolutionary Girl.

Essa música antiga de antes de meu tempo. Mal escuto rádio, não tenho DVD, assisto pouca TV. Algumas pessoas dizem que as redes sociais mataram a música. Eu prefiro pensar que elas criaram uma nova forma de fazer música. Que temporariamente pode até abafar a produção tradicional de arte. Mas que talvez seja até mesmo um dos fatores que tornes essas técnicas, atualmente “arcaicas” um agregador de valor social e económico.