Assunto: União da esquerda francesa antes de eleições enfurece Macron, diz imprensa. Cargo de primeiro-ministro está em jogo, caso coalizão de esquerda vença eleições legislativas antecipadas.

“Indecente”. Foi assim que o presidente francês, Emmanuel Macron, classificou um possível acordo do Partido Socialista francês (PS) com a esquerda radical da França Insubmissa (LFI). Mas o impensável aconteceu e estampa nesta sexta-feira (14/06) as manchetes dos jornais franceses: após quatro dias de intensas negociações entre socialistas, comunistas, ecologistas e a esquerda radical, um acordo de um programa comum da esquerda francesa foi anunciado pelas suas principais lideranças.

Embora um acordo tenha sido alcançado na noite de quinta-feira (13/06), os socialistas franceses e a esquerda radical da legenda França Insubmissa (LFI) se disputaram durante todo o dia pela distribuição das zonas eleitorais. O que está em jogo é o cargo de primeiro-ministro, caso a coalizão de esquerda vença as eleições legislativas antecipadas, publica o jornal Le Figaro desta sexta-feira (14/06). No sistema semipresidencialista francês, caso o partido presidencial não obtenha maioria, há a possibilidade de uma “coabitação” com o vencedor das eleições que acontecerão nos dias 30 de junho e 7 de julho.

Le Figaro repercute que os líderes de esquerda negociaram longamente a portas fechadas durante todo o dia na sede dos Ecologistas, no leste de Paris. No início da noite de quinta-feira, o acordo foi anunciado, com todas as principais lideranças da esquerda francesa. No entanto, ainda não se sabe quem será o líder dessa nova Frente Popular, como foi batizada a coligação de esquerda, uma referência ao movimento criado para barrar o nazifascismo em 1936, antes da Segunda Guerra, na França. O inimigo, é claro, é a extrema direita do partido de Marine Le Pen, o Reunião Nacional (RN).

“Demorou, mas chegou”.

“Demorou, mas chegou. A esquerda está unida”, celebra o jornal Libération. “Está selado”, proclama a “declaração conjunta” da agora nova Frente Popular, publicada pouco depois das 20h de quinta-feira, 13 de junho. Teremos candidatos comuns capazes de representar a sociedade francesa”, continua o texto da coligação de esquerda, segundo informações do Libé, que antecipa dois pontos do programa comum da esquerda francesa: a revogação da reforma previdenciária e o reconhecimento de um Estado palestino.

“Após quatro dias de intensas negociações com os socialistas, comunistas e ecologistas, os rosas, os vermelhos e os verdes se aproximam das eleições legislativas de 30 de junho e 7 de julho sob a mesma bandeira”, publica o jornal francês nesta sexta-feira. “A partir de agora, a chegada partido de extrema direita Reunião Nacional ao poder na França não é mais uma fatalidade inevitável, diz a declaração conjunta”, sublinha o Libération.

Foram necessários apenas quatro dias para que a esquerda chegasse a um acordo sobre uma “nova Frente Popular”, destaca o jornal Le Monde. As negociações foram conduzidas em uma velocidade vertiginosa, limitadas pelo prazo relâmpago de apresentação das listas eleitorais no domingo, 16 de junho, e pela seriedade das circunstâncias diante de uma extrema direita que pode triunfar, contextualiza o jornal francês. “Fomos bem-sucedidos. Uma página da história francesa foi escrita”, comemorou o primeiro secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, enquanto o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon saudou “um grande evento político na França”, publica Le Monde.

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