A Arca de Noah Loren

Escrevo sem pretenção nenhuma de que daqui saía algo que preste.

Assunto: a reação da Coreia do Sul a visita de Putin a Kim Jong-un.

As tensões entre Coreia do Sul e Coreia do Norte continuam aumentando. Pyongyang desistiu de tentar manter relações pacíficas com Seul devido a influência estadunidense faz algum tempo. Atualmente eles estão tendo uma “pitoresca e anedótica” guerra de balões. Começou com o Sul mandando milhares de folhetos com propaganda contra o governo norte-coreano em balões. E continuo com o Norte respondendo com sacos cheios de lixos e fezes, também transportados por balões. O que levou o Sul a dobrar a aposta e mandar mais folhetos, pen-drives com músicas de k-pop e uma quantia de 3 mil dólares.

Também existem episódios como esse:

O exército da Coreia do Sul confirmou nesta sexta-feira (21/06) ter disparado tiros de aviso depois de soldados norte-coreanos terem atravessado brevemente a fronteira entre os dois países na quinta-feira.  “Vários soldados norte-coreanos, que trabalhavam no interior da zona desmilitarizada, atravessaram a linha de demarcação militar. Depois de avisos e tiros de advertência do nosso exército, os soldados norte-coreanos retiraram-se para o norte”, declararam as forças armadas da Coreia do Sul.  De acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap, o exército também afirmou que a ação “parece ter sido acidental”, uma vez que, após o incidente na manhã de quinta-feira, os soldados regressaram à Coreia do Norte e continuaram trabalhando até de noite.
Seul relatou casos semelhantes nos dias 9 e 18 de junho, alegando que “o erro” se deveu à grande quantidade de vegetação rasteira nestas áreas, tornando difícil a visualização da linha de demarcação da fronteira.

O “Acordo de Segurança” firmado entre Vladimir Putin e Kim Jong-un – a DPKR fornece armas a Rússia – nos últimos dias causou preocupação a Seul. Eles convocaram um embaixador russo para discutir a respeito. O governo russo não gostou e categorizou a atitude como “ameaça” e “chantagem”. Seul disse que poderia rever sua política sobre fornecimento de armas em zonas de conflito que atualmente a impede de vender armas diretamente para Kiev, mas não para seus aliados.

operamundi.uol.com.br/politica…

operamundi.uol.com.br/politica…

Assunto: as falas polêmicas do Presidente da França, Emmanuel Macron.

A esquerda na França decidiu se unir contra a extrema-direita. O povo da França decidiu se unir contra o extremismo político. E o Macron deseja que todas essas pessoas e organizações se unam em nome... Bem... Dele.

Por causa das suas últimas falas ele foi acusado até de transfobia.

Em seguida, Macron atacou a esquerda por propor “coisas completamente absurdas, como fazer uma mudança de sexo na prefeitura”. Essa foi uma alusão a uma passagem do programa da Nova Frente Popular que propõe “autorizar uma mudança gratuita de estado civil perante a administração” para pessoas transgênero.

Aparentemente esse é o limite dele. Procriação medicamente assistida pode. Escolha de sobrenome na prefeitura, assim como embaixadores LGBTQIAPN+. Mas autorizar uma mudança gratuita de estado civil perante a administração é demais!

notícias...

operamundi.uol.com.br/politica…

Assunto: O mito de que a liberdade da Índia foi conquistada pela não-violência impede o progresso A luta violenta na Índia era o preço pago pelos “terroristas” para que os não-violentos pudessem se sentar à mesa para negociar com os imperialistas

Se há uma falsa afirmação sobre a luta “não-violenta” que capturou mais fortemente a imaginação do mundo, é a afirmação de que a Índia, sob a liderança de Gandhi, derrotou o poderoso Império Britânico e conquistou sua independência por meio do método não-violento.

A luta pela independência da Índia foi um processo repleto de violência. O mito da não-violência foi imposto posteriormente. É hora de voltarmos à realidade. Usando trabalhos recentes sobre o papel da violência na luta pela liberdade da Índia, é possível compilar uma cronologia do movimento de independência em que a luta armada teve um papel decisivo. Algumas dessas fontes: The Last Heroes (Os últimos heróis), de Palagummi Sainath, A Revolutionary History of Interwar India (História revolucionária da Índia entre guerras), de Kama Maclean, Gentlemanly Terrorists (Terroristas cavalheiros), de Durba Ghosh, Royal Indian Navy Mutiny (Motim da Marinha Real Indiana), de Pramod Kapoor, de 1946: Last War of Independence, de Pramod Kapoor, o livro editado por Vijay Prashad, The 1921 Uprising in Malabar, e The Patient Assassin, de Anita Anand.

A não-violência jamais poderia derrotar uma potência colonial que havia conquistado o subcontinente por meio de níveis de violência quase inimagináveis. A Índia foi conquistada palmo a palmo pela Companhia Britânica das Índias Orientais por meio de uma série de guerras. Embora a Companhia Britânica das Índias Orientais tenha sido constituída em 1599, a maré virou contra a independência da Índia em 1757, na batalha de Plassey. Seguiu-se um século de domínio invasivo da Companhia – abordado no livro The Anarchy (A Anarquia), de William Dalrymple – com a política da Companhia e a imposição de fomes tendo assassinado dezenas de milhões de pessoas.

O governo britânico assumiu o controle da Companhia e passou a governar a Índia diretamente por mais 90 anos.

De 1757 a 1947, além dos dez milhões de mortos somente na guerra de 1857, outros 30 milhões ou mais foram mortos pela fome, de acordo com os números apresentados pelo político indiano Shashi Tharoor no livro Inglorious Empire: What the British Did to India.

Um estudo de 2022 estimou outras 100 milhões de mortes em massa na Índia em decorrência do imperialismo britânico, somente do período entre 1880 a 1920. Médicos como Mubin Syed acreditam que essas fomes foram tão grandes e que ocorreram por um período tão prolongado que foram capazes de exercer pressão seletiva sobre os genes das populações do sul da Ásia, aumentando o risco de diabetes, problemas cardíacos e outras doenças que surgem quando há calorias em abundância, já que os corpos do sul da Ásia se adaptaram à fome.

No final, a luta pela independência contra os britânicos incluiu todos os métodos característicos da luta armada: organização clandestina, punição de colaboradores, assassinatos, sabotagem, ataques a delegacias de polícia, motins militares e até mesmo o desenvolvimento de zonas autônomas e um aparato governamental paralelo.

Uma cronologia da violenta luta pela independência da Índia Em seu artigo de 2006, “India, Armed Struggle in the Independence Movement” (Índia, luta armada no movimento pela independência), o acadêmico Kunal Chattopadhyay dividiu a luta por independência em uma série de fases:

1905-1911: Terrorismo revolucionário.Um período de “terrorismo revolucionário” começou com o assassinato de um funcionário britânico da presidência de Bombaim em 1897 por Damodar e Balkrishna Chapekar, que seriam ambos enforcados. De 1905 a 1907, os combatentes da independência (considerados “terroristas” pelos britânicos) atacaram bilheterias de trens, correios e bancos e jogaram bombas, tudo para combater a divisão de Bengala em 1905. Em 1908, Khudiram Bose foi executado pelos imperialistas por “terrorismo”.

Esses “terroristas” de Bengala eram fonte de grande preocupação para os britânicos. Em 1911, os britânicos revogaram a divisão de Bengala, eliminando a principal queixa dos terroristas. Eles também aprovaram o Criminal Tribes Act (Lei das Tribos Criminosas), combinando suas inquietações sobre a continuidade de seu domínio com suas sempre presentes preocupações raciais. O ministro do Interior do Governo da Índia é citado no livro Gentlemanly Terrorists, de Durba Ghosh:

“Há um sério risco, a menos que o movimento em Bengala seja contido, de que os dacoits (bandidos) políticos e os dacoits profissionais de outras províncias possam se unir e que o mau exemplo dado por esses homens em uma província não guerreira como Bengala possa, se continuar, levar à imitação em províncias habitadas por raças lutadoras, onde os resultados seriam ainda mais desastrosos”.

Ghosh descreve mais alguns desses casos:

“Em Bengala, o Caso de Conspiração de Alipore, o Caso de Conspiração de Midnapore, o Caso da Gangue de Howrah e outros julgamentos de conspiração permitiram que o governo detivesse as pessoas envolvidas com grupos políticos secretos e clandestinos. Baseando-se em uma legislação de segurança centenária que incluía o Regulamento III de 1818, o governo também aprovou a Lei de Emenda à Lei Criminal Indiana de 1908 e a Lei de Defesa da Índia em 1915 para controlar a violência política contra o Estado”.

Mas, como argumenta Ghosh, a resposta imperialista não foi apenas a aprovação de leis draconianas. Pelo contrário, eles fizeram concessões – cada vez maiores – em relação à independência e a outras demandas dos “terroristas”, e tentaram recompensar desproporcionalmente seus interlocutores “não-violentos” do Congresso. Bengala foi reunificada; os britânicos mudaram sua capital de Calcutá para Deli para se afastar do movimento terrorista naquela província.

Lutas revolucionárias de 1914 a 1918: Com o fim do movimento Swadeshi de 1905 a 1907, teve início o que foi chamado, simplesmente, de “Movimento Terrorista”, de 1907 a 1917. Os terroristas começaram com um ataque ao tenente-governador de Bengala, Andrew Fraser, em Midnapore, em 1907. Durante a Primeira Guerra Mundial, o movimento Ghadar tentou derrubar o domínio britânico várias vezes – uma rebelião (frustrada) em fevereiro de 1915 liderada por Rash Behari Bose e outro ataque (frustrado) em Calcutá planejado para o dia do Natal de 1915. Os revolucionários de Bengala invadiram depósitos de armas, obtiveram ajuda militar da Alemanha, travaram uma batalha campal contra os britânicos em setembro de 1915 em Chasakhand e até mesmo operaram internacionalmente em lugares como os EUA e o Japão. Os líderes revolucionários Chittapriya Ray Chaudhuri e Jatindranath Mukherjee morreram nessa batalha.

A resposta dos britânicos aos movimentos terroristas em suas possessões coloniais foi aprovar leis de guerra: a Defence of the Realm Act (Lei de Defesa do Reino) na Irlanda e a Defence of India Act (Lei de Defesa da Índia). Mas também fazer concessões.

Ponto de virada em 1919: O massacre de Amritsar de 1919 foi um massacre de centenas de manifestantes que discordavam do desejo da Grã-Bretanha de estender indefinidamente as medidas de guerra por meio da Lei Rowlatt de 1919. Após o massacre, os britânicos se envolveram em uma orgia de violência racial e humilhação ritual, fazendo os indianos se arrastarem de joelhos pelas ruas, por exemplo. Depois de 1919, Gandhi também liderou uma campanha não-violenta, o movimento de não-cooperação. O que é menos conhecido, e é documentado por Durba Ghosh, é que o movimento terrorista estava em contato constante com Gandhi e os Nehrus (Motilal e Jawaharlal) durante todo esse período. Os britânicos aprovaram a repressiva Lei Rowlatt de 1919, mas também aprovaram a primeira Lei do Governo da Índia e as Reformas de Montagu Chelmsford, prometendo o autogoverno em um futuro distante.

Além disso, é preciso lembrar que, em 1919, os britânicos também travaram uma guerra malsucedida com o Afeganistão e invadiram, sem sucesso, a nova União Soviética. Esses conflitos militares violentos estabeleceram o contexto para as mudanças que os imperialistas seriam forçados a fazer na Índia.

Luta revolucionária no período entre guerras

Na história dos anos 1920, a face mais visível da luta indiana foi o movimento de não-cooperação de Gandhi. Mas também houve um levante no sul da Índia, em Malabar, em 1921, que os britânicos procuraram direcionar para uma orientação comunal e acabaram esmagando por meio da força.

As décadas de 1920 e 1930 foram um período de constantes atos de luta armada. Na década de 1920, a Hindustan Republican Association se envolveu em “roubos patrióticos”, como um em Kakori, após o qual quatro dos líderes foram enforcados e outros três condenados à prisão perpétua. Em 1929, Bhagat Singh e Batukeswar Dutt jogaram uma bomba na Assembleia Legislativa Central.

Em 1925 e 1930, os britânicos aprovaram duas leis que alteravam a lei criminal de Bengala. A emenda de 1930 entrou em vigor no dia 25 de março. No dia 18 de abril, o Exército Republicano Indiano, com Surya Sen e 60 terroristas, realizou um ataque ao arsenal de Chittagong:

“A invasão foi um ataque planejado de forma elaborada, no qual os revolucionários conseguiram ocupar os principais locais coloniais, incluindo o clube europeu, o arsenal da polícia e o escritório de telefones e telégrafos. Os invasores cortaram todas as comunicações com oficiais em outras partes da Índia, reuniram armas e esperavam aterrorizar os britânicos enquanto eles desfrutavam de uma noite de sexta-feira em seu clube.”

Também em 1930, Odisha assistiu a uma revolta tribal contra os britânicos, na qual os aldeões lutaram contra a polícia – Sainath cita conversas com alguns dos veteranos dessa revolta em Last Heroes (Últimos heróis), capítulo 2.

Em 1931, os britânicos enforcaram Bhagat Singh, Shivaram Rajguru e Sukhdev Thapar. Eles assassinaram Chandra Sekhar Azad em um parque em Allahabad. Também aprovaram a Lei de Supressão de Atentados Terroristas de Bengala em 1932, mas o terrorismo continuou.

Em 1935, os britânicos fizeram uma grande concessão, outra Lei do Governo da Índia, que expandiu as liberdades e prometeu aos líderes do Congresso que eles acabariam se tornando os governantes (na linha do tempo do imperialismo britânico). A contrapartida era que esses líderes indianos reprimissem os terroristas. Entre as armas britânicas estava a não-violência, incluindo o movimento de Desobediência Civil. Os líderes do Congresso sabiam, no entanto, que sem algum terrorismo, sua influência sobre os britânicos seria zero. Portanto, eles jogaram seu próprio jogo, apoiando discretamente os terroristas em alguns momentos, denunciando-os publicamente em outros, enquanto conduziam a desobediência civil dentro de uma estrutura de regras que envolvia a pena de prisão para os atores não-violentos e assassinato e enforcamento em mãos britânicas para os terroristas que não jogassem o jogo da desobediência civil. A luta violenta era o preço pago pelos “terroristas” para que os não-violentos pudessem se sentar à mesa para negociar com os imperialistas.

No capítulo 4 de Lost Heroes, Sainath conversa com o fabricante de bombas Shobharam Gaharwar, ativo no Rajastão e em outros lugares nas décadas de 1930 e 1940, que confirmou a onipresença da atividade de fabricação de bombas durante a luta pela independência:

“Éramos muito demandados naquela época! Eu estive em Karnataka. Em Mysore, Bengaluru, em todos os tipos de lugares. Veja, Ajmer era um centro importante para o movimento Quit India, para a luta. Assim como Benares [Varanasi]. Havia outros lugares como Baroda, em Gujarat, e Damoh, em Madhya Pradesh. As pessoas olhavam com esperança para Ajmer, dizendo que o movimento era forte nessa cidade e que seguiriam os passos dos combatentes da liberdade aqui. É claro que haviam muitos outros também”.

Quit India 1942 e desilusão: Para o livro Lost Heroes, Sainath conversou com veteranos da luta armada em Punjab e também no sul, na luta do povo de Telangana, liderada por Sundarayya. Conhecido como Levante de Telangana de 1946, foi uma luta que durou vários anos em uma área imensa e, além de batalhas com proprietários de terras feudais, policiais e capangas contratados, ele relata:

“Em seu auge, o Levante de Telangana se espalhou por quase 5 mil vilarejos. Afetou mais de três milhões de vidas em cerca de 25 mil quilômetros quadrados. Nos vilarejos sob seu controle, esse movimento popular estabeleceu um governo paralelo. Isso incluiu a criação de comitês gram swaraj (ou comunas de vilarejos). Cerca de um milhão de acres de terra foram redistribuídos entre os pobres. A maioria das histórias oficiais data o levante liderado pelos comunistas como tendo ocorrido entre 1946 e 1951. Mas grandes agitações e revoltas já estavam em andamento no local desde o final de 1943.”

Outro estado do sul, Tamil Nadu, foi palco de uma imensa luta antifeudal ao mesmo tempo que se desenvolvia o movimento Quit India de 1942. Sainath conversou com o veterano R. Nallakannu:

“Nós lutávamos com eles à noite, jogávamos pedras – essas eram as armas que tínhamos – e os expulsávamos. Às vezes, havia batalhas campais. Isso aconteceu várias vezes durante os protestos que ocorreram na década de 1940. Ainda éramos meninos, mas lutávamos. Dia e noite, com nosso tipo de armas!”

Em um vilarejo de Odisha, em agosto de 1942, os ativistas assumiram o controle e se declararam magistrados, começando a administrar a Justiça. Eles foram rapidamente presos, mas, uma vez encarcerados, começaram imediatamente a organizar os prisioneiros, como disseram a Sainath:

“Eles nos mandaram para uma prisão para criminosos. Nós aproveitamos ao máximo… Naquela época, os britânicos estavam tentando recrutar soldados para morrer na guerra contra a Alemanha. Por isso, fizeram promessas àqueles que estavam cumprindo longas penas como criminosos. Eles prometeram que qualquer pessoa que se alistasse para a guerra receberia 100 rúpias. Cada um de seus familiares receberia 500 rúpias. E eles seriam libertados após a guerra.

Fizemos campanha com os prisioneiros criminosos. Vale a pena morrer por 500 rúpias, por essas pessoas e suas guerras? Vocês certamente estarão entre os primeiros a morrer, dissemos a eles. Vocês não são importantes para eles. Por que deveriam ser a bucha de canhão deles?

Depois de um tempo, eles começaram a nos ouvir. Eles costumavam nos chamar de Gandhi, ou simplesmente de Congresso. Muitos deles desistiram do esquema. Eles se rebelaram e se recusaram a ir”.

Em Bengala Ocidental, Bhabani Mahato organizou a logística para os combatentes clandestinos na luta do movimento Quit India. O ativista Partha Sarati Mahato contou a Sainath como foi o processo:

“Apenas algumas famílias mais abastadas do vilarejo deveriam preparar refeições para o número de ativistas escondidos lá [na floresta] em um determinado dia. E as mulheres que faziam isso eram solicitadas a deixar a comida cozida em sua cozinha.

Elas não sabiam quem vinha e pegava a comida. Tampouco sabiam quem eram as pessoas para quem estavam cozinhando. A resistência nunca usou pessoas da aldeia para fazer o transporte. Os britânicos tinham espiões e informantes no vilarejo. O mesmo acontecia com os zamindars (governantes) feudais que eram seus colaboradores. Esses informantes reconheceriam os habitantes locais que levassem os carregamentos para a floresta. Isso colocaria em risco as mulheres e a clandestinidade. Eles também não podiam ter alguém identificando as pessoas que eles enviavam – provavelmente ao cair da noite – para coletar os alimentos. As mulheres nunca viam quem estava levando as refeições.

Dessa forma, ambos estavam protegidos da exposição. Mas as mulheres sabiam o que estava acontecendo. A maioria das mulheres do vilarejo se reunia todas as manhãs nos lagos, córregos e tanques – e as envolvidas trocavam anotações e experiências. Elas sabiam por que e para que estavam fazendo aquilo, mas nunca especificamente para quem.”

O Toofan Sena

Em 1943, o Toofan Sena, o braço armado do prati sarkar (ou governo provisório) de Satara, declarou independência do domínio britânico no estado indiano de Maharashtra. Sainath descreve o alcance dessa zona autônoma:

“Com sua sede em Kundal, o prati sarkar – um amálgama de camponeses e trabalhadores – funcionava de fato como um governo nas quase 600 aldeias sob seu controle, onde efetivamente derrubou o domínio britânico. O pai de Hausabai, o lendário Nana Patil, liderava o prati sarkar. Tanto o sarkar quanto o sena surgiram como desdobramentos de desilusão em relação ao movimento Quit India de 1942.

Nana Patil, assim como outros líderes, inclusive o capitão Bhau, lideraram um ousado roubo de trem em 7 de junho de 1943. ‘É injusto dizer que saqueamos o trem’, disse o capitão a Sainath. ‘Foi o dinheiro roubado pelos governantes britânicos do povo indiano que pegamos de volta.’ O capitão Bhau também se opôs à noção de que o prati sarkar era um ‘movimento clandestino’.

‘O que você quer dizer com governo clandestino?’, rosnou o capitão Bhau, irritado com meu uso do termo. ‘Nós éramos o governo aqui. O Raj Britânico (Governo da Coroa na Índia) não podia entrar. Até a polícia tinha medo do Toofan Sena’… Ele organizou o fornecimento e a distribuição [de grãos alimentícios], estabeleceu uma estrutura de mercado coerente e administrou um sistema judicial. Também penalizava agiotas, penhoristas e proprietários de terras colaboradores do Raj”.

Outro membro do Toofan Sena relatou a Sainath como eles puniam os informantes:

“Quando descobríamos um desses agentes da polícia, cercávamos sua casa à noite. Levávamos o informante e um colega dele para fora da aldeia.

Amarrávamos os tornozelos do informante depois de colocar uma vara de madeira entre eles. Ele era então mantido de cabeça para baixo e espancado com varas nas solas dos pés. Não tocávamos em nenhuma outra parte de seu corpo. Apenas as solas dos pés”. Não havia marcas visíveis no corpo dos pés para cima. Mas “ele não conseguiu andar normalmente por muitos dias”. Um poderoso desestímulo. E assim surgiu o nome patri sarkar [observação: em marati, a palavra ‘patri’ significa ‘vara de madeira’]. ‘Depois disso, nós o carregávamos nas costas de seu associado, que o levava para casa.”

O Exército Nacional Indiano

Em 1938, o Congresso Nacional Indiano viu Subhas Chandra Bose se tornar presidente. Ele era imensamente popular, com uma base de poder independente. Embora respeitasse Gandhi, não estava comprometido com a não-violência. Ele foi expulso do partido em 1939. Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, Bose formou o Exército Nacional Indiano (ENI), apoiado pelo Japão Imperial, com o objetivo de libertar a Índia à força. No mesmo ano, Nehru foi transferido para a cadeia de Lucknow, onde passou um tempo com muitos terroristas presos. Quando o movimento de Gandhi “Quit India” foi esmagado, em 1942, em poucos meses, Bose e o ENI continuaram lutando, e Bose foi morto em 1945.

Preso por causa do jornalismo, H.S. Doreswamy, de Bengaluru, descreveu seu encontro com prisioneiros do Exército Nacional Indiano, cujo massacre ele testemunhou em 1943:

“Certa vez, quando estávamos na prisão em Bengaluru (1942-43), era meia-noite e um grupo de prisioneiros foi trazido. Eles entraram gritando slogans, e pensamos que eram mais do nosso povo. Mas não eram. Eram militares indianos. Disseram-nos que eram oficiais, mas não sabíamos ao certo. Não sabíamos suas patentes.

Havia quatorze deles, de diferentes estados. Eles haviam decidido deixar o exército britânico indiano e se juntar ao Exército Nacional Indiano (ENI) de Netaji Bose. Eles tentaram deixar o país. Estavam a caminho da Birmânia [atual Myanmar] quando foram presos. Todos os quatorze. Foram levados para Bengaluru e submetidos a uma corte marcial. E condenados à morte por enforcamento.

Nós interagimos com eles. Eles escreveram, com seu sangue, uma carta para todos nós. Ela dizia: ‘Estamos muito felizes por vocês estarem aqui, 500. Este país, este Bharat Mata, requer o sangue de muitas pessoas. Nós também somos parte integrante desse esforço. Também nos comprometemos a dar nossas vidas pela causa deste país’. Foi isso que eles escreveram… ‘Ouvimos dizer que todos eles foram postos em uma fila e mortos a tiros – todos eles – de uma só vez… Eles sabiam disso. Que estavam indo para a morte. Mas estavam muito alegres. Foi por isso que nos deram aquela carta escrita com sangue, endereçada a todos nós'”.

Quando os britânicos tentaram executar os oficiais da ENI por traição no simbólico Forte Vermelho, em Deli, acabaram gerando uma revolta. Em 1946, um motim naval centrado em Mumbai foi reprimido a um custo enorme para os britânicos: seu Império Indiano havia se desintegrado. Em seu livro sobre o motim naval, Pramod Kapoor observa que, embora o movimento “Quit India” tenha sido lançado em 1942, a independência ocorreu muito rapidamente após o motim naval de 1946. Uma análise da cronologia sugere que o motim foi mais decisivo do que a campanha não-violenta para a conquista da independência.

Os britânicos rapidamente dividiram o subcontinente, envenenaram o poço e o entregaram aos interlocutores escolhidos pelo Congresso Indiano.

Como disse H.S. Doreswamy: “Quando os britânicos deixaram o país, eles o fizeram com três fórmulas. Primeiro, formar o Paquistão e o Hindustão. Segundo, manter as pessoas dos dois países divididas em linhas comunais. E terceiro: esses 562 estados principescos eram livres para participar ou não dessa União Indiana.” A trama dos estados principescos foi frustrada pelo governo pós-independência, mas a trama comunal e a trama da divisão foram bem-sucedidas. O mesmo aconteceu com o patrocínio do mito de que a independência indiana surgiu de uma série de campanhas não-violentas, e não dos mesmos processos de libertação nacional por meio da luta armada, que ocorreram na Índia e em todos os outros lugares do mundo que enfrentaram uma situação semelhante.

Os danos causados pelo mito da não-violência

O mito da não-violência ajudou a preservar o feudalismo. Assim como a escravidão e a segregação nos EUA, o colonialismo na Índia foi derrubado pela violência. Mas, assim como nos EUA, o mito da não-violência causou danos reais à política da Índia. O sucessor espiritual de Gandhi, Vinoba Bhave, viajou pelo país tentando convencer os proprietários de terras a realizar uma reforma agrária voluntária (compare isso com as violentas reformas agrárias promulgadas na vizinha China, descritas no livro Fanshen por William Hinton).

A campanha de Vinoba Bhave foi uma campanha não-violenta de reforma agrária que manteve o feudalismo praticamente intacto na Índia. Ironicamente, Vinoba Bhave era conhecido por ter ameaçado os proprietários de terras com violência – declarando explicitamente que, ao ceder voluntariamente algumas terras, os proprietários de terras poderiam se salvar de uma futura revolução violenta. Mais uma vez, vemos líderes não-violentos colocando os pobres na posição de suplicantes, pedindo migalhas aos ricos com base em alguma possibilidade distante de revolução, em vez de trabalhar para organizar os pobres para essa revolução.

O mito da não-violência não produz sociedades não-violentas. Um dos argumentos centrais da não-violência, que remonta pelo menos a Gandhi, é que os meios não-violentos levam a fins melhores. Noam Chomsky colocou isso da seguinte forma no seu debate de 1967 com Hannah Arendt:

“Parece-me, pelo pouco que sabemos sobre esses assuntos, que uma nova sociedade surge das ações tomadas para formá-la, e as instituições e a ideologia que ela desenvolve não são independentes dessas ações; na verdade, elas são fortemente influenciadas por elas, são moldadas por elas de muitas maneiras. E é de se esperar que as ações cínicas e perversas, independentemente de sua intenção, inevitavelmente condicionem e prejudiquem a qualidade dos objetivos alcançados. Novamente, em parte, isso é apenas uma questão de fé. Mas acho que há pelo menos alguma evidência de que melhores resultados resultam de melhores meios.”

Como o argumento da não-violência de Gandhi baseava-se na noção de que os meios e os fins são inseparáveis e que a escolha de meios violentos levaria a fins violentos, deve-se concluir que a importância central da não-violência na luta pela liberdade indiana levou a Índia a ser um país particularmente não-violento após a independência. O autor comunista italiano Domenico Losurdo, em seu livro Não-violência: a história por trás do mito, responde a essa questão: “longe de ser a personificação do ideal de não-violência, a Índia é hoje um dos países mais violentos do mundo. Os confrontos armados entre os diferentes grupos religiosos e étnicos são generalizados; em particular, os massacres de muçulmanos e cristãos são recorrentes.”

A inseparabilidade de meios e fins é um argumento contra a não-violência. A não-violência é um meio que envolve implorar concessões aos poderosos e convidá-los a praticar a violência sem consequências para eles mesmos: isso leva a uma sociedade com uma elite que se sente completamente impune para praticar violências horríveis enquanto enfrenta oponentes que tentarão, na pior das hipóteses, derreter seus corações por meio de um exemplo de sofrimento. Isso transforma os opressores em pessoas piores, embriagadas pelo poder e sem sentir nenhuma consequência.

A descolonização é um processo violento, e a Índia não foi exceção Como Losurdo conta em seu livro, a não-violência é um ideal que foi desenvolvido no Reino Unido e nos EUA para garantir que a resistência à escravidão fosse ineficaz – para manter a resistência a uma das instituições mais vis já inventadas dentro de limites controláveis. Os pacifistas cristãos e os quakers a desenvolveram porque não queriam participar da violência da escravidão. Pouquíssimos deles foram levados a lutar violentamente contra a escravidão.

Os inimigos indianos de Gandhi argumentaram que são essas raízes cristãs e anglo-americanas que dão origem à não-violência gandhiana, e não as noções hindus de ahimsa (“ausência de dano”, não-violência) ou satyagraha (força da verdade). No final, os indianos não se comportaram como sábios de outro mundo. Eles fizeram o que todos os povos colonizados fazem: travaram uma luta armada pela independência.

Sem o mito da não-violência, quais são as lições da verdadeira luta pela independência da Índia e como elas se encaixam em nossa compreensão da mudança social? Está claro que algumas lutas – por melhores salários ou condições de trabalho, melhores serviços municipais ou outras lutas por igualdade em uma comunidade – podem ser levadas adiante no plano da não-violência. O colonialismo, baseado na opressão racial e na desumanização, não pode, e a Índia não é uma exceção. Assim como o próprio colonialismo, a ausência de uma solução não-violenta para o colonialismo é trágica, mas quanto mais cedo a realidade for reconhecida pelos defensores da mudança social, melhor.

revistaopera.operamundi.uol.co… (🔗 revistaopera.operamundi.uol.com.br)

Assunto: Quem são e o queriam golpistas dos EUA mortos em ataque ao Congo em 19/5 Principal vítima da sanha imperialista é a população, e as principais beneficiárias, as grandes multinacionais que fabricam componentes eletrônicos e suas sócias mineradoras

A República Democrática do Congo:RDC é uma ferida aberta. A chaga supura desde a época do comércio de escravos. Calcula-se que habitavam este país até um milhão dos que foram levados encadeados à América. Depois seguiu-se a sangrenta colonização belga, o assassinato do herói nacional Patrice Lumumba, a extensa ditadura de Mobutu, as guerras internas permanentes na fronteira com Ruanda, a intervenção dos estados vizinhos em seu território, quase sete milhões de deslocados atualmente e uma recente e frustrada tentativa de golpe de Estado. Parecem demasiadas tragédias juntas para uma única nação independente. E em boa parte devem-se a suas riquezas incalculáveis e a sua posição estratégica no centro da África. Sua crise humanitária não figura no radar da imprensa ocidental. É apenas uma nota quando há um massacre cometido por qualquer das 120 facções que lutam em sua ampla geografia.

A intentona para derrubar o presidente Félix Tshisekedi em 19 de maio passado parece um remake do filme Walker. Uma sátira de 1987 sobre o flibusteiro com este mesmo sobrenome de origem estadunidense. William Walker se autoproclamou presidente da Nicarágua depois de invadi-la em 1855.

No Congo de hoje, alguns dos golpistas também provinham dos EUA como aquele aventureiro do século 19. Seu líder Christian Malanga era um refugiado congolês radicado no estado de Utah desde os anos 1990. Morreu no putsch fracassado depois de fazer-se filmar com seu grupo em uniforme de campanha e com armas longas enquanto pretendia tomar o poder em Kinshasa.

Não foi o único estadunidense surpreendido na aventura improvisada. Estava acompanhado por seu filho Marcel, um jovem jogador de futebol americano e de um par de homens brancos: Benjamín Reuben Zalman-Polun e Tyler Thompson. Tudo terminou muito mal para o comando integrado por umas poucas dezenas de homens. Apenas conseguiram tomar por algumas horas o Palácio da Nação, onde o presidente tem seu escritório, e cercar a residência de outro político oficialista. Christian Malanga transmitiu ao vivo momentos do golpe desarticulado (vídeo a seguir). Foi a última coisa que fez. Resistiu à detenção e terminou morto.

Seu filho Marcel e Thompson são dois jovens amigos na faixa dos vinte anos que terminaram detidos entre soluços. Suas famílias dizem que foram levados ao Congo enganados. A do segundo, também residente em Utah, pensava que tinha viajado de férias. O caso de Zalman-Polun é diferente. Graduado na Universidade do Colorado, foi sócio de Malanga em uma empresa que extraía ouro em Moçambique em 2022. Figura no boletim oficial do Estado deste país e em um informe do site Africa Intelligence. Os dois também tinham antecedentes penais nos Estados Unidos.

Ambições de Malanga

A diferença de Malanga com a tropa que reunira para tomar o poder no Congo é que sempre teve ambições políticas. Nunca abandonou a ideia de governar seu país de nascimento, o segundo em tamanho do continente, depois da Argélia. Fez o serviço militar na África, alcançou a patente de capitão; uma e outra vez tentou posicionar-se como opositor lá em seu declamado autoexílio. Fracassava sempre.

Tampouco era um outsider da política nos EUA. Costumava mostrar-se no Facebook com membros da Câmara de Representantes: os republicanos Rob Bishop, por Utah e Peter King, por Nova York, já agora ex-congressistas.

Malanga se apresentava como presidente do Partido Congolês Unido. Talvez premonição, em sua rede social onde ainda está sua fotografia junto à bandeira da RDC, dizia: “Um solucionador de problemas que está pronto para pôr fim à corrupção e ao estancamento político em Kinshasa”. A descrição de seus últimos momentos e de seus atribulados seguidores é contada em detalhes no diário em francês congovirtuel.com.

“Meu filho é inocente”, escreveu a mãe de Marcel, Brittney Sawyer, em um e-mail enviado à AP, “em que não quis dar mais detalhes”, informou a agência. Na família de Thompson disseram outro tanto: que Tyler não tinha conhecimento das intenções de Malanga, “já que se supunha que viajariam só para a África do Sul e Eswatini, antes conhecida como Suazilândia”, declarou sua madrasta, Miranda Thompson.

Agora os dois estão detidos entre dezenas dos que tentaram tomar o poder em Kinshasa. O sonho de um “Novo Zaire”, fantasiado em seus sonhos pelo bom do Malanga ficou truncado.

Hipóteses sobre o golpe falido

Para Cole Patrick Ducey, um engenheiro e empresário que se viu envolvido por equívoco no golpe falido, os estadunidenses que encabeçaram a tentativa de derrubar o presidente Tshisekedi “são ególatras levados pela cobiça”. Ducey foi relacionado à aventura porque Malanga e Zalman-Polum apareciam com ele em um documento da empresa que extraía ouro em Moçambique. Contou que o tinham convidado para ver concessões mineiras na ex-colônia portuguesa “mas nada funcionou, não fiz negócio com eles. Não falo (com eles) há vários anos”, declarou.

A hipótese de que o grupo invasor caiu em uma armadilha ou foi traído por conspiradores do próprio governo congolês, ainda não está descartada. Ainda que pareçam quase bizarras as condições em que se deu a intentona filmada por Malanga e os seus, e na que também aparece Zalman-Polum, a RDC é um país que suporta há décadas a violência para fragmentar seu território, sobretudo nas províncias do leste, Kivu do Norte e Kivu do Sul.

Quase 7 milhões de deslocados pelos combates entre milícias rivais – sendo a mais poderosa, o MP 23 (Movimento 23 de março), comandada por tutsis e aliada da Ruanda –, o exército, as incursões a partir dos países vizinhos e das zonas em disputa pela extração de recursos minerais entre China, EUA e os países europeus, não deixam de estimular a tensão em uma zona de guerra contínua.

Dois terços do coltan – chamado o novo ouro negro – e cerca de 50% do cobalto de todo o mundo são chave para fabricar baterias de celulares. Só na região de Kivu Norte há ouro, urânio, cobre, diamantes e minerais raros como a turmalina e o volfrâmio. Washington acelera a busca de uma cadeia de abastecimento de metais. Deseja-os para a Reserva Nacional de Defesa (NDS) que alimenta sua indústria militar. Teme ficar sem eles e seu olhar voltou-se uma vez mais para a sofrida República Democrática do Congo, onde a China predomina há anos.

A principal vítima desta geopolítica de extração indiscriminada é a população. As principais beneficiárias são as grandes multinacionais que fabricam componentes eletrônicos e suas sócias mineradoras.

dialogosdosul.operamundi.uol.c… (🔗 dialogosdosul.operamundi.uol.com.br)

Assunto: Equador: desmonte de Noboa atinge necrotérios e pilha de corpos “derrete” em Guaiaquil Segundo denúncias, mais de 200 cadáveres em decomposição ficaram expostos e amontoados após uma avaria em uma dos conteiners do principal necrotério de Guaiaquil

As imagens de cadáveres em decomposição na cidade de Guaiaquil, no Equador, recordaram o ocorrido nas primeiras semanas da pandemia e, com isso, a crítica reiterada de que o sistema de saúde e os necrotérios evidenciam um serviço público debilitado com o chamado “austericídio neoliberal” vigente há sete anos no Equador.

Segundo as denúncias e a resposta oficial, mais de 200 cadáveres em decomposição de pessoas assassinadas ficaram expostos e empilhados após uma avaria nos contêineres refrigerados no principal necrotério dessa cidade costeira. Por isso, os agentes policiais quase imediatamente retiraram os cadáveres em decomposição.

O que chama a atenção é que esses corpos seriam de criminosos supostamente assassinados em disputas de gangues e de vítimas dos ataques dos grupos criminosos, dado o recrudescimento da violência nas últimas semanas. De acordo com os principais testemunhos, essa situação se agrava a cada dia porque os familiares dos falecidos não se aproximam para identificá-los por medo de represálias dos bandos criminosas. Só neste ano, foram mais de 1.300 crimes em Guaiaquil.

Porém, chegam ao necrotério da cidade cadáveres de populações vizinhas como Posorja, Playas, Tenguel, Samborondón, Daule e Durán, esta última considerada a cidade mais violenta do mundo pelo portal Inside Crime. No entanto, a ministra do Interior, de origem mexicana, Mónica Palencia, insiste que as mortes violentas foram “reduzidas em 99% no que vai de 2024”.

Tudo começou quando o mau cheiro inundou os arredores das instalações do Instituto de Medicina Legal de Guaiaquil, em um setor populoso dessa cidade. Diante disso, ao cair da tarde de 11 de junho, o Serviço Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses divulgou um comunicado nas redes sociais explicando que dois contêineres refrigerados do Laboratório de Criminalística de Guaiaquil sofreram danos devido às variações elétricas registradas há semanas em todo o país.

Essa instituição não deixou de lado o que também é motivo de preocupação geral, não necessariamente de ocupação imediata do governo de Daniel Noboa: “devido ao incremento da violência criminal no país, há um maior número de cadáveres de pessoas desconhecidas, a quem se cataloga como NN (não identificados nem retirados por seus familiares)”.

Desde janeiro, um desses contêineres deixou de funcionar e os cadáveres foram transferidos para o único que continuava operando. E para os encarregados é uma situação horrorosa, pois disseram que muitos desses corpos estão despedaçados, com os membros e cabeças sem identificação e guardados em sacos plásticos que aceleram a decomposição.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.

dialogosdosul.operamundi.uol.c… (🔗 dialogosdosul.operamundi.uol.com.br)

Assunto: Milei infiltra agentes e manda espancar, prender e acusar manifestantes de terrorismo

Organismos de Direitos Humanos, advogados, organizações sociais e familiares de vítimas pediram a libertação dos 35 detidos durante a selvagem repressão de cinco forças de segurança contra manifestantes que expressavam seu rechaço à Lei de Bases que deveria ser votada pelo Senado na semana passada. Marchavam pacificamente quando foram atacados com gás de pimenta, caminhões hidrantes, balas de borracha, deixando mais de 200 feridos, entre eles cinco deputados da oposição que terminaram com queimaduras no rosto e foram internados em distintos hospitais.

Por sua vez, Avós e Mães da Praça Linha Fundadora, familiares de Desaparecidos, Assembleia Permanente, Liga Argentina pelos Direitos Humanos, Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS), entre outros, repudiaram a identificação dos manifestantes como “terroristas”, sustentada pelo governo de (Javier) Milei e Victoria Villarruel, e a acusação sem sustentação alguma de “graves delitos penais” por parte do poder judicial. Destacaram que o povo “reclama legitimamente em defesa de seus direitos” e demandaram terminar de “criminalizar o protesto e estigmatizar os manifestantes”.

Na sexta-feira (14), todos os setores se reuniram no Serviço de Paz e Justiça (SERPAJ) e os advogados informaram que os detidos foram golpeados, maltratados, humilhados, incluindo as mulheres, entre elas jovens estudantes.Denunciou-se a aparição de “grupos infiltrados em nossas filas que fizeram destroços para que se desate a repressão”, recordando que tudo está gravado e há vários organismos que monitoram “o destacamento e a ação das forças de segurança desde que se impôs o protocolo anti-piquetes de (Patricia) Bullrich”. Os assistentes rememoraram que a Ministro da Segurança repetiu o mesmo esquema de provocação que usou quando ocupava esse cargo no governo de direitista Mauricio Macri, (2015-2019), razão pela qual foram apertadas denúncias contra ela que, no entanto, ficaram nos juizados, pela cumplicidade do chamado Partido judicial.

Neste marco, antes de partir para a Itália, o presidente disse, em uma mensagem, que se tratava de um Golpe de Estado, qualificando como “terroristas” os manifestantes, declarações com as quais Bullrich concordou.A advogada e deputada nacional dos PST – Frente de Esquerda Unidade, Myriam Bregman, assegurou que não existe nenhum Golpe de Estado, nem organizações terroristas, e “que foi construída uma imputação para justificar detenções arbitrárias e, com o argumento de presumidos ‘sediciosos’”, os manteve detidos e passaram à Justiça Federal.

Destacou “o alinhamento do representante do Ministério Público, o promotor Carlos Stornelli, com a ministra de Segurança”, que pediu centrar a investigação em um provável delito de “sedição” e que os protestos foram parte de uma nova modalidade de “golpe de Estado”. Stornelli ditou com base em delitos inexistentes, como intimidação pública, organização e delitos contra os poderes públicos, perturbação da ordem, o que é totalmente falso. O fiscal acompanhou o falecido juiz Claudio Bonadío, o qual armava acusações falsas sem provas para perseguir à ex-presidenta Cristina Fernández de Kirchner e outros funcionários de seu governo. Guadalupe Godoy, advogada da Liga Argentina pelos Direitos Humanos (LADH), sustentou que isto “estava claramente planejado; na semana passada o Ministério da Segurança modificou uma resolução para que o Poder Executivo possa qualificar como terrorista a quem quiser. Depois publicaram um tuíte falando de golpismo e terrorismo, e poucas horas depois conseguiram um promotor adepto”.

Sustentou que Stornelli materializa essas intenções na justiça. “É gravíssimo o uso do terror e do medo ao assinalamento do Estado como ferramenta política”. Destacou que está sendo construída uma institucionalidade paralela à do Estado de direito”. Por sua vez, o CELS sustentou que, através de Stornelli, se persegue um objetivo: ferir o protesto social. A informação sobre a repressão e as detenções massivas foi apresentada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e às relatorias da Organização de Nações Unidas (ONU) que monitoram o direito ao protesto e à liberdade de expressão.

Atentado contra AMIA

Por outra lado, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte-IDH) condenou o Estado argentino pelo atentado contra a Associação Mutual Israelita – Argentina (AMIA), em 18 de julho 1994, e o responsabilizou por não ter adotado medidas razoáveis para prevenir o ataque, não investigar “com diligência” para estabelecer a verdade do que aconteceu e identificar os responsáveis e não implementar as medidas necessárias de reparação, entre outras demandas.A condenação da CIDH era esperada “já que, desde a época de Néstor Kirchner, o Estado argentino admitiu as acusações relacionadas” – que não correspondiam à sua administração – e se conheceu a semeadura de pistas falsas ao longo dos anos 90.

Segundo o Página/12, a CIDH também afirmou que “houve uma visível inação das conduções da AMIA e da Delegação de Associações Israelitas-Argentina (DAIA), que continuaram respaldando a investigação oficial, pese às irregularidades que saíram à luz”.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.

dialogosdosul.operamundi.uol.c…

Assunto: Como ajudar alguém durante um ataque de pânico Pode ser muito difícil quando alguém de quem você gosta está passando um ataque de pânico, mas há coisas que você pode fazer para ajudar

O ataque de pânico acontecem inesperadamente, sem nenhuma causa aparente. Vem acompanhado de sintomas físicos como sudorese, palpitações, falta de ar e a falsa sensação avassaladora de perigo iminente.

É importante notar que o transtorno de ansiedade e a síndrome do pânico são coisas diferentes.

Enquanto o transtorno de ansiedade é caracterizado por preocupações persistentes e excessivas, principalmente em relação a eventos futuros, a síndrome do pânico envolve a ocorrência de ataques de pânico recorrentes e de forma inesperada.

São episódios intensos de ansiedade que atingem seu pico em questão de minutos.

O gatilho que dispara essa resposta exacerbada ocorre na região central do cérebro, que é responsável pelo controle das emoções e da liberação de adrenalina. Esse hormônio faz com que o organismo se prepare para fugir ou lutar diante de uma situação de perigo.

Mesmo sem um perigo real, o cérebro pode disparar esse alarme fazendo com que o medo intenso assuma o controle do corpo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres têm duas vezes mais probabilidade do que os homens de serem diagnosticado com transtorno do pânico.

O transtorno geralmente se desenvolve no final da adolescência ou início da idade adulta.

Os sintomas de um ataque de pânico

  • Palpitações ou batimento cardíaco acelerado.

- Sudorese intensa.

- Tremores ou agitação  Sensação de falta de ar ou sufocamento.

- Dor no peito.

- Náusea ou desconforto abdominal.

- Tontura ou sensação de desmaio.

- Sensação de formigamento ou dormência.

- Ondas de calor ou calafrios.

- Medo de perder o controle ou de morrer.

O que fazer para ajudar alguém durante um ataque de pânico?

  • Fique calmo. Não deixe a situação tomar conta de você. Seu comportamento tranquilo pode deixar seu amigo mais calmo.

- Fique por perto. A maioria dos ataques de pânico desaparece em 20 a 30 minutos.

- Gentilmente, diga à pessoa que você acha que ela pode estar tendo um ataque de pânico e que você está ao seu lado.

- Pergunte qual é a causa do pânico. Isso pode permitir que a pessoa pense sobre a situação de forma mais racional.

- Incentive a pessoa a respirar lenta e profundamente – pode ajudar fazer algo repetitivo em que possa se concentrar, como contar em voz alta.

- Incentive a pessoa a sentar-se em algum lugar quieto onde possa se concentrar na respiração até se sentir melhor.

Perguntas que você pode fazer à pessoa:

  • Quantas vezes você já passou por isso?
  • O que você pensou que fosse acontecer?
  • O que realmente aconteceu?

A importância do tratamento

Se os ataques de pânico tiverem um grande impacto no trabalho ou na vida pessoal da pessoa, é especialmente importante que ela obtenha ajuda de um profissional.

Uma das opções de tratamento é a terapia cognitiva (TCC), que ensina diferentes maneiras de pensar, de modo que a resposta à situação de medo mudará.

Essa terapia possui boa resposta de curto e de longo prazos para os sintomas do pânico e da ansiedade.

Certos medicamentos podem ser úteis. Bloqueadores beta são medicamentos que podem controlar os sintomas de um ataque de pânico, como aumento da frequência cardíaca, sudorese ou tremores.

Antidepressivo e ansiolíticos podem diminuir a frequência dos ataques. Em que situações podem ocorrer um ataque de pânico?

Um ataque de pânico pode ocorrer em diversas situações, sendo frequentemente desencadeado por fatores específicos que variam de pessoa para pessoa.

Em primeiro lugar, situações de estresse intenso ou prolongado, como problemas financeiros, desafios no trabalho ou dificuldades familiares, podem precipitar um ataque de pânico.

Além disso, experiências traumáticas, como a perda de um ente querido ou um acidente grave, também podem desencadear esses episódios.

Outra situação comum é a exposição a ambientes ou situações que evocam medo ou ansiedade, como lugares fechados, multidões ou situações sociais desafiadoras.

Por exemplo, uma pessoa com fobia social pode experimentar um ataque de pânico ao falar em público ou ao se encontrar em um evento social.

Além disso, é importante considerar que o consumo de certas substâncias, como cafeína em excesso, drogas recreativas ou mesmo alguns medicamentos, pode aumentar a probabilidade de um ataque de pânico.

Essas substâncias podem afetar o sistema nervoso central, levando a uma resposta de pânico.

Pessoas com histórico de ataques de pânico ou transtornos de ansiedade podem estar mais suscetíveis a ataques de pânico em situações de rotina que envolvem incerteza ou expectativas elevadas, como antes de uma viagem importante ou de um exame acadêmico.

catracalivre.com.br/saude-bem-… mstdn.facb69.com.br/@oibaf/112…

Assunto: AM: Clube de Tiro estaria sendo usado para armar e treinar latifundiários e jagunços no campo. Com a crescente onda de violência no campo se intensificando no sul do Amazonas, em especial, no caso do Acampamento Marielle Franco, uma investigação do portal The Intercept demonstrou como Clubes de Tiro podem estar sendo usados para camuflar o armamento e treinamento de latifundiários locais.

Há cerca de sete meses, camponeses da comunidade Marielle Franco, no município de Lábrea, Sul do Amazonas, sofrem constantes ataques de latifundiários locais que se dizem donos do que eles denominam de ‘Fazendo Palotina’, uma área de 150 mil hectares.

Os ataques envolvem torturas, ameaças e sequestros feitos por pistoleiros, incluindo ex-policiais. São acusados de serem os mandantes dos crimes Sidney Zamora e Sidney Zamora Filho, pecuaristas paulistas que detém grandes terras na região. Em investigação exclusiva do The Intercept, foi revelado que os latifundiários vem usando clubes de tiro como mecanismo de armamento de seus jagunços.

Segundo a reportagem, o Clube de Tiro Tita só existe no papel, não tendo sede real e sequer contando com atiradores registrados. Entretanto, Haroldo Martins, um dos líderes dos camponeses afirma que o pecuarista e seus seguranças chegam a fazer exercícios de tiro dentro da fazenda, em uma área próxima ao Acampamento Marielle Franco. E que seguranças ostensivamente armados costumam circular fazendo ameaças aos moradores.

Este não é um caso isolado, segundo a matéria do ‘The Intercept’ e do ‘Outras Mídias’, sobre esse caso em questão e sobre clubes de tiros na Amazônia, esses clubes tiveram seu aumento durante o governo Bolsonaro, houve flexibilização de regras ambientais, deixando com isso, uma enorme brecha para os latifundiários se armarem para intimidar a crescente luta pela terra.

O caso da Comunidade Marielle Franco Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), as terras ocupadas pertencem à União, ou seja, são terras públicas. O presidente do Incra do Amazonas, Denis Silva, afirma que os latifundiários não apresentaram escrituras que comprovem com propriedade a posse da fazenda.

Entretanto, mesmo com todas as irregularidades, os reacionários conseguiram decisões judiciais de reintegração de posse da propriedade, sendo elas suspensas após a União apresentar interesse na área e o caso passar para a esfera federal, atual estágio do conflito no meio judicial.

A violência no meio rural tem se mostrado cada vez mais constante, vendo-se a partir da resistência das comunidades camponesas e dos povos indígenas contra os grileiros e oligarcas que tradicionalmente dominam essas áreas.

A Comunidade Marielle Franco é um desses exemplos de resistência para permanecer nas suas terras em contraposição ao terror no campo que sempre ocorreu patrocinado por latifundiários;

anovademocracia.com.br/am-club…

Aborto legal sob ataque: relembre o PL de Eduardo Cunha que caiu após pressão social; tema é recorrente no Congresso. Apresentado em 2015, projeto dificultava acesso à pílula do dia seguinte mesmo às mulheres vítimas de estupro.

A pressão das manifestações contrárias ao projeto de lei que equipara o aborto legal em caso de estupro a homicídio pode mudar os rumos da tramitação da proposta no Congresso Nacional.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já afirmou que “uma matéria dessa natureza jamais iria direto ao plenário do Senado” da forma como tramita na Câmara dos Deputados. A declaração foi feita logo após uma onda de protestos no Brasil, nesta quinta-feira (13), contra o PL 1904/2024.

“Uma matéria dessa natureza jamais, por exemplo, iria direto ao plenário do Senado Federal. Ela deve ser submetida às comissões próprias e é muito importante ouvir inclusive as mulheres do Senado, que são legítimas representantes das mulheres brasileiras”, afirmou em coletiva de imprensa.

Essa não seria a primeira vez que um projeto de lei que atenta contra os direitos reprodutivos das mulheres cai por pressão social. No final de 2015, o projeto de lei 5069/2013 saiu da pauta do Congresso diante das manifestações contrárias.

A proposta do ex-presidente da Câmara e de outros 12 deputados dificultava o aborto legal ao prever a criminalização da quem induzisse ou auxiliasse uma gestante vítima de estupro a abortar.

O texto tornava crime induzir ou auxiliar uma gestante a abortar. Um trecho incluído no projeto pela CCJ exige que a mulher vítima de estupro que deseje realizar um aborto legal comprove a violência por meio de comunicação à polícia e exame de corpo de delito – atualmente, basta a palavra da gestante.

Por indução ou auxílio, o texto do projeto de lei abarcava, inclusive, comunicar a possibilidade de “uso de meio abortivo ou induzimento ao aborto”, como a pílula do dia seguinte. “Tipifica como crime contra a vida o anúncio de meio abortivo e prevê penas específicas para quem induz a gestante à prática de aborto”, dizia o texto do PL.

O projeto chegou a ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), mas não foi a plenário. No entanto, o tema ainda pode retornar ao Congresso Nacional, tendo em vista que propostas de mesma natureza foram apresentadas nos anos posteriores.

A proposta mais recente é do deputado Professor Paulo Fernando (Republicanos-DF), que também criminaliza a “conduta de anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto”, mesmo nos casos legais, como em gestações resultantes de estupro.

O PL 3850/2023 foi apensado ao projeto de lei de Eduardo Cunha. A apensação ocorre quando uma proposta apresentada é semelhante a outra que já está tramitando. Nesse caso, a mesa diretora da Câmara dos Deputados determina que a mais recente seja incorporada à mais antiga. Isso significa que, apesar de o PL 5069/2013 ter perdido força, ainda há chance de retornar por meio de outro projeto.

Tramitação na Câmara do PL 1904/2024

O projeto que equipara o aborto legal em caso de estupro a homicídio avançou na Câmara dos Deputados, na quarta-feira (12), a toque de caixa.

No dia, presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pautou a votação do requerimento de urgência, apresentado pelo deputado Eli Borges (PL-TO), sem aviso e sem anunciar o número do projeto.

Em 23 segundos, Lira considerou a urgência aprovada em votação simbólica – sem registro do voto de cada deputado no painel eletrônico – sem dar espaço suficiente para manifestações contrárias. Em geral, a votação simbólica ocorre quando já existe acordo entre os parlamentares sobre o tema em pauta, o que não foi o caso.

Após a gigantesca repercussão negativa, Lira recuou e disse que há possibilidades de mudanças no texto do PL. Uma das modificações seria a equiparação às penas de homicídio simples apenas para os casos em que o aborto não é permitido em lei. Atualmente, a legislação permite que o aborto seja realizado em três ocasiões: estupro, risco de morte à mulher e anencefalia do feto.

Outros projetos contra as mulheres em tramitação

O projeto de lei que está em tramitação atualmente não é o único que fere direitos reprodutivos das mulheres já conquistados. Todo ano, dezenas de propostas que caminham nesse sentido são apresentadas.

Um dos projetos mais famosos contra o direito reprodutivo das mulheres é o Estatuto do Nascituro (PL 478/2007). Diversas propostas de teor semelhante foram apensadas ao projeto. Os principais pontos do texto são aprovar a ideia de que a vida começa na fecundação (antes mesmo da implantação do embrião no útero) e transformar o aborto um crime hediondo – sob quaisquer circunstâncias, mesmo nos casos hoje permitidos em lei.

No final de 2023, após manobras de diversos deputados para travar a tramitação da proposta na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, a bolsonarista Chris Tonietto (PL-RJ) protocolou um requerimento de urgência urgentíssima com a adesão de 305 deputados. Dessa forma, o PL está liberado para ser pautado pelo presidente da Cata, Arthur Lira.

Outra proposta é o PL 1249/2024, que prevê que “a vida do ser humano inicia com a concepção intrauterina do feto, oportunidade em que surge a sua personalidade jurídica”. Nesse sentido, o aborto, em qualquer circunstância, poderia ser equiparado ao homicídio doloso. O PL é de autoria dos deputados Cezinha de Madureira (PSD-SP), Gilvan Maximo (Republicanos-DF) Dayany Bittencourt (União Brasil-CE) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Outro é o PL 1920/2024, que propõe a alteração do artigo 128 do decreto 2848 de 7 de dezembro de 2024 para inserir a proibição da prática de aborto, realizada por médicos, após a vigésima segunda semana de gestação, também em qualquer caso. O projeto é do deputado federal Marcos Pollon (PL-MS).

Na mesma linha, o PL 1927/2024, de autoria do deputado Messias Donato (Republicanos-ES), prevê a proibição da realização do procedimento de assistolia fetal. A técnica ganhou o noticiário ao ser proibida em uma resolução publicada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), no final de maio.

O método é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em casos de gestação com tempo superior a 22 semanas e é realizado frequentemente em casos de estupro em que a vítima apenas descobre que houve fecundação muito tempo após a violência sexual – situação que afeta principalmente crianças.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a resolução do CFM. A decisão é liminar e foi submetida ao plenário da Corte. O julgamento, no entanto, foi interrompido após um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques. Ainda assim, a resolução continua suspensa.

Depois que a resolução foi suspensa, deputados da extrema direita protocolaram pelos menos quatro projetos para proibir a assistolia fetal: o PL 1958/2024, do Coronel Chrisóstomo (PL-RO); o PL 1096/2024, de Clarissa Tércio (PP-PE); e o PL 1920/2024, de Marcos Pollon (PL-MS); além do projeto do deputado Messias Donato.

https://www.brasildefato.com.br/2024/06/15/aborto-legal-sob-ataque-relembre-o-pl-de-eduardo-cunha-que-caiu-apos-pressao-social-tema-e-recorrente-no-congresso

Pesquisas mostram apenas um petista com chance de vitória nas nove capitais do nordeste. Levantamentos indicam vitórias de João Campos (PSB), em Recife, e Bruno Reis (UB), em Salvador, ainda no 1º turno.

Levantamento feito pelo Brasil de Fato, utilizando as pesquisas eleitorais divulgadas até essa sexta-feira (14), mostra que a grande maioria dos candidatos petistas que disputam as prefeituras das nove capitais nordestinas não agradaram o eleitor. Apenas o deputado estadual Fábio Novo (PT) desponta com uma candidatura competitiva, em Teresina (PI), onde aparece à frente dos demais candidatos, mas empatado tecnicamente com o ex-prefeito local, Silvio Mendes (UB).

Nesta sexta-feira, o Instituto Datamax divulgou a última pesquisa para a prefeitura local, que coloca Fábio Novo na dianteira com 41,78% das intenções de votos. Mendes vem em seguida, com 41,14%. Na campanha do petista, o resultado foi celebrado, pois é a primeira vez que o candidato do PT aparece à frente.

Na última quarta-feira (12), o Instituto Ippi divulgou sua pesquisa, com cenário similar, mas com Fábio Novo atrás, somando 39% das intenções de voto na capital piauiense. Se principal oponente, Silvio Mendes, tem 40%.

Os levantamentos mostram que em duas capitais pode não haver segundo turno. Em Salvador (BA), o atual prefeito Bruno Reis (UB) aparece com 64% das intenções de voto, no levantamento divulgado pela Paraná Pesquisas, no dia 4 de junho deste ano. Seu oponente mais próximo é Geraldo Júnior (MDB), com 11%.

Em Recife, o prefeito João Campos (PSB) aparece como favorito à reeleição. O candidato pessebista soma 57% dos votos, na pesquisa da Atlasintel, divulgada em 26 de abril. Em segundo, está o ex-ministro do Turismo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Gilson Machado (PL), com 21%.

Em São Luis (MA), o prefeito Eduardo Braide (PSD) aparece à frente, com boa margem de diferença, na disputa pela prefeitura, com 39,7%, de acordo com a pesquisa do Datailha, de 26 de abril. Em seguida está o deputado federal Duarte Jr (PSB), com 20,6%.

Levantamentos da Paraná Pesquisas e Atlasintel mostram que o prefeito de Fortaleza (CE), José Sarto (PDT), principal aliado de Ciro Gomes no Ceará, corre o risco de perder a sua cadeira no Palácio da Abolição. Nas duas pesquisas, o atual mandatário aparece com 18% e 20%, respectivamente. À frente está o ex-deputado federal Capitão Wagner (UB), que soma 33% nas duas pesquisas.

Em Natal (RN), a deputada federal Natália Bonavides (PT), uma das apostas petistas para 2024, aparece em segundo lugar nas pesquisas. O cenário desenhado pelos levantamentos indicam que a parlamentar terá trabalho durante o período eleitoral para conseguir tirar a vitória das mãos do ex-prefeito do município, Carlos Eduardo (PSD).

No levantamento da Datavero, de 26 de março, Bonavides soma 11,3% das intenções de voto, contra 41,5% de Eduardo. Na pesquisa mais recente, do Instituto Agorasei, de 30 de abril, a petista aparece com 12,3% e seu oponente 43,69%.

O prefeito de João Pessoa (PB), Cícero Lucena (PP) pode confirmar em outubro sua reeleição. O pleito parece tranquilo para o atual mandatário, que soma 34% das intenções de voto, no levantamento de 21 de março, da Certifica Consultoria. À frente do deputado federal Ruy Carneiro (Podemos), que aparece com 22%.

A pesquisa de 28 de abril deste ano, do DataTrends, a mais recente para a prefeitura de Maceió, indica uma disputa aberta ainda. O atual prefeito, João Henrique Caldas (JHC), soma 39%, contra 4% do deputado federal Rafael Brito (MDB). Porém, 54% afirmaram ainda não ter decidido o voto.

Em Aracaju (SE), a capital com mais mulheres pré-candidatas, a vereadora Emília Correa (PL) aparece à frente da deputada federal Yara Moura (MDB), de acordo com levantamento feito pelo Real Time BigData, de 11 de junho. As duas somam 26% e 13% das intenções de votos, respectivamente.

brasildefato.com.br/2024/06/16…