ZeAndarilho

Reflexões Pessoais Breves e Um Feliz Ano Novo

Talvez esse texto saia meio desconexo, mas estou improvisando, só escrevendo o que vem a mente. No ano passado eu comecei a usar o mastodon primeiro como rede social alternativa e depois como unica rede social, e nesse tempo fui percebendo algumas coisas. Por exemplo, eu vi que a galera que eu criei contato e fui seguindo não tem vergonha de ser neurodivergente , de ter alguma diferença e tal. Eu tive o diagnóstico de discalculia quando era criança, mas nunca tratei ou fiz terapia ou outras coisas, sei lá se isso é comparavel de alguma forma com outras coisas, as vezes eu penso que sou só burro mesmo, mas seja como for, ninguém ao meu redor levava isso a serio o suficiente ou achava que valia a pena correr atrás. Isso tem mais de 20 anos de qualquer forma. Eu sempre tive um problema com isso, com graus variados de culpa e auto aversão, e tive fases muito dificeis da adolescencia, por alguns motivos. As coisas melhoraram anos depois, quando fui ter uma vida social um pouco melhor, participando de podcasts diferentes, quando não era modinha ainda. Aos poucos fui perdendo um pouco da dificuldade de interagir com as pessoas na internet, mas não completamente. Sempre que interajo com alguém no mastodon vem uma pontada de constrangimento, de medo de estar incomodando, e aquele cansaço, aquela estafa. As vezes eu falo e a galera acha que é brincadeira, mas o tanto que as interações sociais me cansam não é pouca coisa. Mas lentamente estou percebendo que talvez eu seja bem vindo ali, na minha bolha. Talvez consequencia da falta de algoritmo do mastodon, mas o que você fala realmente chega nas pessoas, sem paywall. Se tem uma consequencia boa do colapso do twitter foi o crescimento do mastodon como alternativa viavel como rede social com um pouco de responsabilidade, e de preocupação com o que é ético ou não, e com um ambiente mais seguro. E só tem melhorado, tem vindo jornais, sites, pessoas influentes, dá pra ficar sabendo das noticias e compartilhar arte, e era pra isso que eu usava o twitter antes. E foi numa velocidade muito grande que o mastodon cresceu. Na primeira vez que eu fiz um perfil no mastodon, na metade do ano passado, o movimento era muito menor, e a maior parte das pessoas que eu via na timeline principal eram estrangeiros e asiaticos, principalmente chineses de hong kong. Hoje tem brasileiros o suficiente pra a sua timeline ser só em português, e isso é excelente. mostra que o mastodon já é uma rede com força o suficiente pra sobreviver as vicissitudes do destino do twitter. Eu realmente acho que o mastodon e o fediverso como um todo vão servir pra tornar a internet de novo uma força positiva e melhor, ao invés de uma força pra arrancar seus dados pessoais e te enfiar propaganda goela abaixo até o fim. Um lugar na internet em que as pessoas podem tentar dar o melhor de si e tentar construir alguma coisa, amizades, interesses em comum. Seja qual for suas configurações mentais/fisicas. Pra finalizar eu desejo a todos que estão lendo isso um feliz ano novo, um ano de felicidade, de paz e de reconstrução. Que seus sonhos se realizem, e nós vivamos alguns anos bem chatos, sem nada acontecendo, só paz e estabilidade mesmo. nós merecemos.

Zé

Series Subestimadas: Babylon 5

De vez em quando algumas series voltam pra a atenção do publico, outras caem no esquecimento. Foi assim com Battlestar galactica, que era uma serie alguns diriam trash dos anos 70/80 que nos anos 2000 teve um remake de extremo sucesso e que hoje os jovens mal conhecem. Babylon 5 talvez algum dia seja um caso parecido. Babylon 5 foi escrita pelo J. michael Straczynski lá em 1993, e foi um fenomeno. Passou por dois canais diferentes antes de acabar, no auge, em 1998. Teve 5 temporadas, 6 filmes, e sabe o mais estranho? Poucos da nova geração conhecem. É compreensivel. Apenas recentemente, com o serviço de streaming do hbo o publico mais jovem conseguiu acesso a essa serie excelente, e em boa qualidade, com uma boa dublagem. Antes de, sei lá, dois ou três anos atrás se voce quisesse assistir a serie, teria que ou encontrar nos torrents da vida, geralmente ripado de fitas vhs ou gravado da televisão. O acesso aos dvds da serie , que foram lançados nos eua depois de 2002, aqui no brasil era dificil, porque a serie nunca foi um grande sucesso aqui, nunca passou num canal grande de televisão. O resultado disso é que só quem ouvia falar por outros meios conhecia a serie, e menos gente ainda conseguia ver. eu mesmo tentei baixar diversas vezes pelos anos afora, mas nunca consegui baixar mais que uma meia duzia de episodios , nos diversos meios alternativos. Então depois que o hbo max chegou no brasil, acabei tropeçando na serie, e fui assistir, não sem algumas dificuldades. A partir de alguns episodios da segunda ou terceira temporada, se voce assistir os episodios dublados o episodio vai travar em algum ponto perto da meia hora. Eu não sei o motivo. se você mudar o idioma do audio pra qualquer outro vai conseguir assistir normal, mas se for ver em português , o episodio dá um erro. eu não sei em quantos episodios acontece isso, só voltei a assistir a serie dublada lá pelo meio da quarta temporada, mas enfim, esteja avisado. “mas zé, como é a historia da serie? dá uma ideia aí do que é , mas sem spoilers” sim caro leitor, a serie é sobre essa estação espacial chamada babylon 5, que é a quinta(veja só você, quem diria) tentativa de fazer uma estação que seja meio que uma mistura de embaixada coletiva pra diversas raças alienigenas, entreposto comercial, posto avançado humano, cassino e muito mais, mas seria principalmente um lugar onde varias culturas se misturariam, se conheceriam e tal, pra evitar conflitos armados. Então um novo militar chega pra assumir o comando da estação, esse é o personagem principal, Jeffrey Sinclair, que é um militar experiente, que esteve numa guerra recente contra outra raça alienigena, no fim da qual ele não se lembra do que aconteceu. Mas a vida é uma caixinha de surpresas. A primeira temporada tem em muitos episodios a estrutura classica de series americanas de monstro da semana, alguma coisa acontece, a equipe da estação vai lá resolver. em paralelo você tem as intrigas dos diversos embaixadores alienigenas, que são alguns dos pontos altos da serie, e que vão crescendo em importancia ao longo da serie. A partir da segunda temporada os episodios soltos de monstro da semana vão ficando mais raros, pra dar espaço pra a trama principal, que realmente te prende. altas surpresas, muita critica social e politica, chega a ser impressionante, pra uma serie americana. duvido que hoje colocariam algumas coisas que colocaram na epoca. eram outros tempos. Os efeitos especiais da serie são bem impressionantes pra a epoca, as cenas no espaço eram completamente em cgi, uma inovação da epoca, não usavam maquete. Tem algumas cenas que ficaram meio, digamos, ps1 da vida, mas a serie é de 1993, tem series de 10 anos depois que perdem em qualidade(alguém viu andromeda?). Eu fui breve na sinopse ali porque muito da magia da serie está nas reviravoltas, no comentario politico, que do meio pro final da serie ganha muito destaque. Os personagens são muito carismaticos, tem algumas coisas datadas obviamente, a serie é um produto do seu tempo, alguns personagens usam aquelas camisas sociais de flanela classicas dos anos 90, sendo que a serie se passa em 2200 e pouco, mas acho que isso só adiciona pro charme da serie, parecido com o estilo das roupas em um maluco no pedaço, que é parte da estetica da serie. Tem muitas participações especiais de atores famosos e celebridades, meio que sem destaque nenhum. Você vai estar lá assistindo e de repente pá, john carpenter fazendo um papel menor, brian cranston fazendo um cara aleatorio, aquele ator que fez o chucky no primeiro filme, fazendo um personagem aleatorio. a serie é cheia disso. Rolou um papo de que ia rolar um remake uns anos atrás, e de vez em quando saem algumas conversas em relação a isso, mas é o mesmo caso do possivel remake de battlestar galactica, tá dificil de sair do papel. Eu acho que seria bom um remake de qualquer uma das series, se tentassem fazer algo com a qualidade do roteiro original. Enfim, vejam Babylon 5, é uma das melhores series de ficção cientifica que eu ja vi, é boa até hoje, o roteiro do Straczynski é excelente, tem bons atores, vale a pena demais.

Alguns Comentarios Sobre A Comunidade Atual do Software Livre

Desde que passei a usar exclusivamente o mastodon como minha rede social principal, uns meses atrás, passei a ter contato e interagir com muitos tipos de pessoas, muitas da comunidade de software livre, que fazia muitos anos que eu não interagia , por situações da vida mesmo, aconteceu de eu parar de usar redes sociais de massa muitos anos atrás e eu perdi contato com a comunidade. Não que eu ja tenha sido um influencer na comunidade, muito pelo contrario, sempre fui um ninguém, o merito duvidoso de ter começado a usar linux quando tudo era mato é no minimo questionavel, mas uma coisa é certa, ter começado a usar linux a muito tempo me dá um tipo de perspectiva que muita gente mais nova não tem. Não digo que seja uma visão privilegiada de modo algum, só diferente. Sem mais valor nem menos. O que eu tenho percebido é que houve uma fragmentação da comunidade de software livre em bolhas, tem a bolha dos iniciantes, tem a dos fãs de certos youtubers de linux, tem a dos devs hardcore, tem a dos que só consomem conteudo gringo, e tem a da galera que é hardcore na parada GNU/libre/stallman das ideias. Algumas semanas atrás me deparei com um texto que me fez pensar sobre algumas coisas, e que me fez querer escrever esse texto em primeiro lugar. Era sobre alguns conceitos das filosofias que movem o movimento de software livre em contraposição ao movimento open source, que seria uma forma corrompida da primeira, e que abriria margem pra manobras nefastas de corporações e grupos com interesses escusos. Nesse e em outros textos do blog em questão eu vi muitos conceitos nesse sentido, e aí parei pra pensar onde eu me colocava nessa situação. Eu não sei se tenho uma posição politica relacionada ao software livre que seja separada da minha posição politica geral. Eu sou um comunista. Eu acredito que quem produz as coisas deve ser dono dessas coisas, e isso se estende pro software. Eu nunca parei pra ler os pormenores das diferentes divisões dos movimentos, qual movimento é melhor, qual é pior, qual tem a licensa mais aberta, qual abre margem pra o que. Eu sempre tive outras preocupações, então pra mim é muito estranho ver o quanto a galera fica brava e se exalta por questões que de um modo geral deviam ser secundárias, não deviam ter tanta importancia. Eu concordo bastante com as visões do autor dos textos sobre o que o autor chama de OSismo e tal, mas tambem acho que algumas pessoas nas redes sociais adotam uma posição parecida com o evangelico recém convertido, querendo provar seu fervor religioso a qualquer custo e tentar trazer você pra a parada dele a força. Eu acho que tem muita tensão em alguns movimentos, até porque a internet hoje em dia é treta principalmente e o resto vem em segundo lugar. Pra mim os caras tem que encontrar um equilibrio entre defender as coisas que acredita e encher o saco de estranhos na internet porque o cara falou “linux” ao invés de “gnu/linux”, pelo amor de deus meu irmão em cristo, vai viver cara, vai beijar alguém, sai de casa um pouco, vai sentir um vento na cara, um sol. Você tá certo, todo mundo sabe(nem sempre, pesquise o chimera linux, sistema operacional sem nada do projeto gnu) mas seja menos chato. Você não vai se tornar amigo de ninguém tretando por nomenclatura. No mais, eu sou a favor de deixar as pessoas conhecerem o sistema primeiro, e deixar o preciosismo pra depois, quando a pessoa já tiver dando uma foda pro que você tá falando. Eu tambem respeito se você discordar de mim, eu acho que tem espaço na comunidade pra todos, como sempre teve. Antigamente você tinha tanto o velho barbado testemunha de stallman e o moleque que instalou ubuntu essa semana e já se acha o hacker, e todo mundo convivia mais civilizadamente. Acho que é reflexo das mudanças da propria internet, as pessoas foram se fechando em bolhas, aí um belo dia a pessoa tá xingando outra na internet porque o cara não diz Gnu/linux. Pode ser que eu simplesmente não entendi completamente o argumento dos caras, e de novo, eu concordo bastante com algumas visões deles, só acho que quando você fica só em uma parada por um tempo as pessoas param de levar você a serio, principalmente se voce é um cara agressivo sem um motivo justificavel. talvez o problema seja a forma, e não o conteudo.

Quem Sou Eu, Porque Fazer um Blog de Texto e Pra Onde Vou?

Se você está lendo isso, meus parabéns, os deuses da aleatoriedade te presentearam com... alguma coisa. Se isso é bom ou ruim, nós vamos descobrir eventualmente. Sou conhecido na internet como Zé Andarilho, e gosto de linux, metal, comunismo, jogos de estratégia, principalmente os da Paradox, de ler e outras coisas. Senti a necessidade ultimamente de começar esse blog pra escrever sobre as coisas que eu penso, botar pra fora algumas coisas que eu sinto e explorar o que o tal do fediverso tem a oferecer. se eu fiz tudo certo, no mesmo dia que eu escrevi esse texto vou linkar o link pra esse blog no meu perfil no mastodon, e vou passar a escrever aqui de vez em quando, se eu tiver coisas pra dizer. Se tudo der certo amanhã ou depois mesmo sai o proximo texto, porque eu quero falar sobre algumas coisas envolvendo a comunidade linux/gnu/open source/qualquer coisa. Enfim, se você está lendo isso passe aqui de vez em quando. vai ter bolo.

Zé