salto. apoio-me nas ascendentes, asas abertas, o ar sob minhas penas. montanhas até onde a vista alcança, antes do primeiro giro; não controlo os ventos, os uso. então entre dois picos assimétricos, o mar distante quase se confunde com o céu, mas a réstia de sol que já se pôs pinta de lilás o que virá ser noite, e o mar ali ainda reflete algum azul. sim, navego à noite, sigo linhas que sinto em meus órgãos, que não vejo mas são claras, o ferro incôndito sob o manto de nossa casa, nossa nave, nossa mãe me guia ao norte, pois o inverno me impele. vou ter com minha parceira de uma vida, gerar novas vidas, eternizar nossa presença nesse pequeno planeta. fosse homem, admiraria as estrelas, sei que lá está Marte, Saturno, Júpiter e outros, que pouco importam. nesse momento o instinto é tudo o que sinto. fazer-me eterno através daqueles ovos, não há nada importante.

Erick Rijo Jr prosa