Assunto: ataque gratuito a linguagem inclusiva.

Eu sou adepto da linguagem inclusiva e favorável a representatividade. Mas tenho uma série de críticas a militância de certos grupos, embora os apoie.

Primeiramente discordo da ideia de que modificar o modo como falamos ou escrevemos, criar pronomes alternativos ou substituir termos – falsamente ou não – polêmicos irá impactar na opressão de raça, gênero, orientação sexual e classe. Não sou contra, mas não acredito que isso trará mudança positiva ou negativa em especial para as pessoas de minorias sexuais e de gênero da classe mais baixa.

Sim, a linguagem é um reflexo da realidade. Basta olhar para o significado e o gênero das palavras governante e governanta. Ou então perceber o uso do masculino como coletivo de dois gêneros na língua portuguesa.

Mas apagar esse reflexo difiçilmente vai mudar a realidade. Na minha opinião é claro.

Embora possa minimizar alguns constrangimentos para uma pessoa trans no seu dia a dia. Por conta desse último aspecto sou a favor a linguagem inclusiva. Aqui me refiro especificamente por exemplo a linguagem médica – pessoas com útero, pessoas com próstata etc.

Minha segunda crítica, ou melhor, meu ataque gratuito e covarde é sobre a luta prática e os obstáculos que ela enfrenta.

Vivemos num país em que ocorreu uma ascensão da extrema-direita nos últimos anos, que se mostra muito contrária as pautas das minorias sexuais e de gênero. Já existem projetos de lei para coibir o uso da linguagem inclusiva, mesmo seu uso não sendo comum nem impositivo.

Não estou dizendo que se deveria abandonar a pauta por conta disso. Mas penso que não se pode separar ela do combate ao reacionárismo das instituições.

Por último gostaria de dizer que discordo da prática de rotular todas as pessoas que por diversos motivos não aderem a linguagem inclusiva com uma série de adjetivos que terminam em “ismo”.

Não que as vezes está nomenclatura não seja condizente com a realidade. Mas acho que isso é colocar no mesmo nível a pessoa que não utiliza a linguagem politicamente incorreta por desconhecimento ou incapacidade com a que o faz de propósito com a intenção de ofender alguém.

Concluindo gostaria de destacar que devemos todes trabalhar por um futuro em que a desigualdade social e econômica seja combatida. Num país elitizado como o Brasil a educação mesmo nos graus mais básicos é restrita o que priva até mesmo as principais pessoas contempladas por esse debate de participarem dele. E apenas modificando essa realidade podemos esperar mudanças significativas e positivas na realidade.

Claro, essa é apenas minha opinião. Ê leitore é livre para discordar de mim.